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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Guido e Ina





Atados um ao outro nessa infâmia
Num epitáfio vivo costurado clama
A mãe que tão nobre, vê e ainda  ama
Aquelas vidas duplas que se derrama
Quem vê tudo isso a raiva inflama
Como um trovão que o susto chama
Com o medo vil que a si difama
Banidos ocos a voz mais declama
O medo vil que a si difama
Imoral ato que afoga a própria lama
Bane ao abismo seco do Atacama
Que horror  dos ossos a mim reclama
Imagino a  cena e o hálito exclama
O furor de quem odeia no escuro a flama
Quem deveras fugir de tão aberrante difamação
Que de tão insensível e cruel ação
Vai e chora o orvalho da estação
Mãe que suspira em vulnerável coração
Ciganos adormecidos no campo da eliminação
Borbulha a tristeza como bolha de sabão
Ver dois filhos entrelaçados entre pés e mãos
Vai e clama em resiliencia a indignação
Mengele açoita os olhos da aberração
Da dor e feridas da agulha que é um arpão
Tais pardais se assustam com a encenação
Chora mãe querida e procura a solução
Injeta a fria morfina que estranha operação
E morre o duplo em tão triste anulação
Atados um ao outro nessa infâmia.

Clavio J. Jacinto




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