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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

TOPAZIO


Alegro-me nessas rotas empoeiradas
Estradas gastas por peregrinos
Sou manso e humilde
Como as pedras deitadas nos rios
Como a estrela que se derrama nas montanhas
Como o topázio escondido na terra
Vou me embora
O caminho é triste
Mas tem os perfumes das colinas
Quando as flores são esmagadas
Pelas pisadas da alma fugitiva


Clavio J. Jacinto

Sobre a Amargura


O Apocalipse de Cada Dia

Cada manhã ensolarada
É uma coroa dourada
Que repousa sobre a vida
Cada pássaro que canta
É uma celebração da existência
Os ventos sopram
As arvores dançam alegres
As nuvens apressadas correm
Como a noiva em busca das flores
O céu é um oceano azul
Onde navega nossa imaginação
Somos espectadores
Desses tão grandes espetáculos
Mas descemos rápido de monte Jericó
Nosso encanto mistico é quebrado
Somos surpreendidos
Pela revelação apocalíptica
Que morreu alguém entre nós.

Clavio J. Jacinto

Orvalho e Escura Noite


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O Despertar da Esperança


Abraça-me
Este frio da noite
Para entregar ao meu pobre coração
Todas as estrelas
Para aquecer e despertar
Essa minha pobre esperança
Que hiberna nas cavernas do
Destino


CJJ


Os Pêsames da Caminhada


Apesar de tantas pedras
Apesar de tantos espinhos
Apesar do vento frio
Da lama no meio do caminho

Apesar de tantos tombos
Apesar de tantas dificuldades
Das horas amargas vindas
Apesar dos assaltos da ansiedade

Apesar de noites escuras
Apesar das névoas do amanhecer
Do silencio nas preces
Apesar do animo fenecer

Prosseguimos na caminhada
Com sentido e vastidão
Apesar das subidas e descidas
A fé alumia a direção

CJJ

Campos da Alma


Hoje, dia memorável
Fundei um império interior
Sou monarca sem coroa
Rei sem trono
Ouvi de Caussade
Um tal santo abandono

Vasto reino dentro de mim
Sem forma, vazio
Feito de folhas de outono
Ouvi tão meiga voz
Um áspero gemido meu
Um sopro e halito do sono

Hoje, dia memorável
Fundei o reino da solidão
Sou rei sem manto
Brado, eco sem abismo
Ouvi sossego, quietismo
Miguel de Molinos

Campo inteiro lá no intimo
Com relvas e vasos 
Penúrias e agulhas de pinheiro
Alegria em forma de diamante
Sorrindo e  crendo, santo lugar
O paraíso de Dante

Clavio J. Jacinto

Pedaços de Batalhas

As vagas horas do dia passam
Como ervas perdidas no campo
As palhas da existência são meras sombras
Levadas por ventos de rotina

Os braços de aço das adversidades
Moldam as estruturas das dores
Como nevoas de absinto
Entornando as águas do lamaçal

A vida é nosso bem maior
Feita de argila e alma do pó
Restos mortais da batalha de Caim e Abel
Átomos insurgentes dos perfumes

Nessa mistura alcalina agridoce
Vivemos, remando contra todas marés
Nem sempre superamos os monturos
Do sulco, brecha, nele semeamos

O inverno límpido é passageiro
O ribombar dos canhões cessam
A vida é caule, fruto e muita palha
Nossos sonhos, enfim, meras mortalhas

Quando descobrimos essa  vaidade
Num recanto de polidas e duras  verdades
Num momento solitário, com a alma a sós

Choramos. Deus tenha misericórdia de Nós.


Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Via do Coração


Inércia das Dores

Passando pelos espinhos vi
Eterno choro e prantos
Oh! as frases do vento reli
Um bravo áspero momento

A sorte de quem não tinha
Pesares do mar soluçando
A fera chuva que vinha
O véu da alma rasgando

O silvo da selva insana
Frescor do rosto molhado
Que dos olhos insipidados emana
O frasco do fel quebrado

Parei  eu nessa chuvosa paragem
No repouso da fecunda dor
Num jardim úmido de aragem
No suspirar de meu próprio labor

Oh! Quem dera ser  vazio
Pra ser levado aos ventos
Que num ultimo suor frio

Nos braços da vida, um acalento.

Clavio J. Jacinto

Mar de Rosas


Virtudes Lapidadas


São os caminhos difíceis que lapidam as virtudes dos vencedores.

Clavio J. Jacinto

Eterno Amor


Que o amor
Possa imortalizar
Pra sempre
Mui eternamente
Tudo o que
Por especial
Jamais podem ser
Esquecidas.


Clavio J. Jacinto

Mergulho no Silencio


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ventos e Tempestades

As vezes as tempestades chegam
Como intrusas em nossa direção
Ninguém convida elas
Você não houve pessoas chamando
Invocando tempestades
Mas elas chegam
Furiosas e devastadoras
Ferem a alma e nos amedrontam
Trazem violência e escuridão
Devastam os campos da emoção
Arrancam as pétalas
Só os espinhos resistem a adversidade
No árido do deserto e escombros
Recolhemos nossa esperança
Sacudimos o pó molhado da face
Prosseguimos no caminho
Esperando qualquer dia desses
Encontrar a primavera

Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Fundamentos da Vida Espiritual - I

Perdão e Alivio Emocional


Os fardos produzidos por amarguras no coração, produzem fardos insuportáveis, na medida que o tempo passa. Só um sincero perdão pode produzir verdadeiro alivio emocional.
Clavio J. Jacinto


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Portas do Erro

Para cada novo dia
Uma porta se abre
Para que os erros do passado
Possam sair correndo

Uma porta também deve fechar-se
Para que esses mesmos erros
Não encontrem um motivo
E possam voltar correndo


Clavio J. Jacinto

Ilusões Temporarias

Nas eiras dessa vida
O tempo perdido é moinha
Que sendo inúteis ao pão
Correm perdidas pelos campos
Fingindo serem borboletas

Na beira do caminho da vida
Um pássaro negro rouba as sementes
Vira lamaçal esse caminho sem dó
Os abrolhos e  espinheiros
Correm pelas mortalhas,

 Fingindo serem roseiras.


Clavio J. Jacinto

A Fé Ferida


Tu que feres a fé
Com ilusões desesperadas
Andas sagrando
Com os espinhos da incredulidade
Ah! não há inverno invencível
Nem choro que dure uma vida perene
Quando te entregares 
Aos braços da providencia do amor

Tu que feres a fé
Com incrédulas palavras vãs
Andas sagrando
Com os espinhos laminados das vaidades
Outrora fugistes das evidencias
Mas na praia das espumas rosadas
Te feristes com as ilusões
Para morrer nos abraços do acaso

CJJ

Jornada dos Feridos

No cálice de uma  rosa
Derramamos o orvalho da nossa esperança
Os espinhos sorvem o aroma sagrado
E, pela vida partimos

Com o coração partido.

Clavio J. Jacinto

A Brevidade da Visão


Enxergo a vida
Ouço os pássaros cantarem
Enxergo a luz no caminho
Crianças adormecidas
Ouço o bramido dos mares
Os ventos breves
Vejo o capim limão
A erva cidreira
Os pardais nas arvores
O sol escondido entre folhas
Ouço o clamor das pedras
A fome dos lenços secos
Chorando a falta de lagrimas
Ouço o rumor das nuvens
Enxergo o trono da vida
Os túmulos iluminados por velas
Ouço e adormeço
Nas palhas da cana de açúcar
Coberto com o véu ártico
Desperta-me lustrosa manhã
Porque o outro dia de ontem
Já passou e se fez fugitivo


Clavio J. Jacinto

sábado, 15 de outubro de 2016

Estrelas e Noite Escura


Não vejo porque me desesperar
Nesses caminhos noturnos
Como barco de papel em foz furiosa
Não vejo desespero na escuridão
Porque já vi que todas as estrelas
Lá fora elas brilham.
E intensamente
Dentro de mim

Clavio J. Jacinto


Quando Morre o Amor


A alma que abandona o amor
Desce para as cavernas do egoismo
Onde a luz  não chega
Onde a primavera não entra
Onde o amor morre
Nasce um deserto escuro


CJJ

Jardim das Dores que Passam


Viver é ouvir a sinfonia noturna
É despertar ouvindo o canto dos passaros
É sorrir para a vida
Relembrar que nada suporta o tempo
Nem mesmo aquelas aflições
Que insistem em serem eternas

CJJ

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Prefiro as Nuvens


Eu prefiro rosas
(Diz o poeta)
O romantico diz
(Eu prefiro a lua)
A serpente prefere
(o pó...)
Eu prefiro o pão
(Disse o guloso)
Prefiro eu,as pedras
A areia e o cal
(Disse o pedreiro)
mas eu mesmo decidi
Prefiro pra sempre
As nuvens
(Disse minha alma)
Pra mim mesmo
Em êxtase celeste...

Clavio J. Jacinto

Depois da Noite Escura.


A Rua da Minha Cidade


Encontrei flores pequenas no caminho
Na manhã de sexta passada
Num lugar tão distante de tudo
Nem mesmo eu, parecia estar lá

                                                   Entre muros de saudades
Nas cinzas das minhas ansiedades
Descobri o outro lado da rua
Umas flores estranhas

Como paredes de um castelo
Onde almas tão simples moravam
Sorridentes e sem  anêlito
Desfrutavam de bela felicidade

Fugi da minha esfera
Entrei nessa bendita realidade
Tal como pássaro sem uma gaiola
E vi: era uma rua da minha cidade

Clavio J. Jacinto


Reconstrução


Caiu minha vida no chão
Corro por causa dos lobos
Alcateia e as chagas do pó
As águas  e respingos caem
Sinto aroma de petrichor
Os meus pedaços singulares
Recuam das ostentações
Sou um com o pó terrestre
Despedaçado entre banalidades
Preciso juntar meus pedaços
Fragmentos de alma de aço
Retorcidos nessas planícies
As fendas do açúcar mascavo
Doçuras dessa ferida vida
Ai, ai, quanta dor invisível
Pois que num colapso de sopros
Um vento colossal
Mistura o açúcar e o sal
Agarram meus pedaços
De de uma alma em estilhaços
Grudando cada parte inerte
Num só ser, eu mesmo
Reconstruído pelas aflições.

Clavio J. Jacinto


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A Senda da Simplicidade


Em tantas luzes me escondo
Tentando iluminar meu eu
Perdido estou no meu orgulho
Como astro de prata no chão

Quero libertar-me das coisas vãs
Não olhar no vago da insignificância
Já não quero ser centro, nem fortaleza
Quero um abrigo de estrelas cheias

Em tantas esconderijos, me escondo
Como a saudade na lua e seus favos
Meu orgulho me fere com laminas
Mas minha alma insiste em viver assim

Quero libertar-me desses pesadelos
Tocar o coração na luz da humildade
Tornar-se singular para mim mesmo
Na simplicidade do esquecimento

Do esconderijo vou saindo, vagarosos
Sem paixões e sem gulas desenfreadas
Uma coisa só quero ser na vida
Uma gota de chuva que cai no barro seco

A felicidade não consiste em nutrir
Nosso orgulho
A felicidade é fortalecer o caminho
De nossa simplicidade

Clavio J. Jacinto


Calice de Luz

Dá-nos  meu DEUS
A noite todo o cálice das estrelas
Não sejamos ébrios
A luz não embriaga ninguém
Mas sejamos sóbrios
Pois tomando da luz do infinito
A alma se acende
Porque no nosso caminho sem fim

Não nos pode faltar a luz.


Clavio J. Jacinto

Orgulho e Tudo mais


O Homem orgulhoso nunca valoriza nada e ninguem 
(Zohar)

O orgulho é sombra na alma
É recanto sombrio
Do coração sem gratidão
Oh! homem, vai e vê que é fato
Que todo o orgulhoso é ingrato
É como estrela sem luz
Não pode brilhar no céu
É astro morto e intruso
Cai como pingo de tempestade
Sepulta a si mesmo no ego
No esconderijo da vaidade
O orgulhoso é nuvem seca e passageira
É nada, é sobras da duvida.

Clavio J. Jacinto

Sementes Adormecidas


O Teu Jardim


Desfruta do teu momento solitário
Para descobrir as ervas daninhas internas
Procura, com fervor e boa conduta
Arrancar as ervas venenosas

Que poluem o teu jardim interior

Um dia Após Outro Dia

Quando sozinho me encontrar sorrindo
Pelo caminho sagrado de um novo dia
Ouvindo as folhas dançando ao vento
Olhando para as montanhas ensombreadas

Quando sentir a riqueza do céu dourado
Sintonizando meu coração aos cantos do ben-te-vi
Sentir o coração pulsando e a alma em risos
Olhando o sol sem gritos de egoismo

Quando o dia passar e chegar ao fim
Todo espetáculo foi feito pra mim
Mesmo solitário. porém tão agradecido
Espero um novo dia, mais cheio de graça

Clavio J. Jacinto





terça-feira, 11 de outubro de 2016

Mar Sereno


Entro na tranquilidade do instante
Na paz do amanhecer
No silencio do entardecer
Navego tranquilo em coração brando
Na fogueira do céu ensolarado
Na emancipação de meus sentimentos
Como barco anonimo
Empurrado no sossego da aurora
No sopro ameno do perfume da noite
Entrego-me a essa viagem
na estancia da imperturbabilidade
No implacavel momento bendito
Vivo a epopeia de mina própria vida

Clavio J. Jacinto


Ansiedade e o Agora


Lições que a Vida Porporciona


Caminhamos em direção ao momento, se na tempestade aprendemos a ser fortes, na bonança aprendemos a ser gratos. Se no deserto aprendemos a perseverar, na primavera, aprendemos a refletir. Se em alto mar, cultivamos a coragem, em terra firme desfrutamos da firmeza nas virtudes. A vida sempre nos concede a oportunidade e o dever de crescermos sempre, e a dignidade da vida está na maneira como desfrutamos dela.

Clavio J. Jacinto

A Arte de Sonhar


Sonhar é um dom
Também uma tragédia
Sonhando
O homem se encanta
E desencanta
Todo o sonho
Que não torna o sonhador
Mias nobre
É uma ilusão
Que o leva a decepção.


CJJ

Mistério da Vida


Penetramos no mistério da vida
Existindo no tempo e no momento
Inseridos em uma realidade
Sentindo e pensando
Mais profundo o mistério é
Pelas vias da contemplação
Difícil de decifrar
Por simples reflexões
Ontem vi alguém morrendo
Hoje alguém nascendo
Nessa mistura de sorrisos e lagrimas
Na nau inexplicável do ser
Prosseguimos
Porque depois do tempo de nascer
Em qualquer momento
Podemos encontrar
Um porto seguro pra descansar
Ou um abismo pra afundar...

Clavio J. Jacinto

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Vale das Almas Apagadas


Um vale primaveril
Terra de tranquilidades
Homens lampadas
Almas iluminadas

Um ser em trevas
Pérfido enganador
As almas fosforescentes
Apagaram-se

Turba em via escura
Noite sem candura
No vau a vã voz clama
Mara  dor derrama

Um homem antigo
Um livro envelhecido
Achou fonte luminosa
Encheu as paginas de fulgor

Luz liquida transborda
Vítreo vaso a brilhar
Na alma apagada que sorve
Cálice de luz, o lume

Almas em suturas, apagadas
No vale sem brancuras
acendem-se tantas delas
O retorno de alma-lumes

Que trato e alegria
Alma foz, luz do dia
A fonte, livro antigo
Homem envelhecido

Seres e gentes lux
Ingratos e rebeldes
Misturam águas turvas
No vaso da luminescência

Oh! infame mistura
Escuridão com candura
A alma acesa evanesce
A luz da alma enfraquece

Velhos: o homem e livro
Proclamam outros: é inimigo
Expulsam ambos, do arraial
O profeta no escuro terminal

Água turva, luz misturada
Lampada da alma apagada
Sem livro antigo e homem velho
O vale escuro, homens perdidos


Clavio J. Jacinto


Jardim da Sabedoria


Onde um as virtudes
Desabrocham como flores
De primavera
O deserto da alma
Transforma-se em jardim 
De sabedoria perene


Clavio J. Jacinto

A Luz da Saudade


A saudade
É uma lampada estranha
Que quando está acesa
Dentro do coração
Tem o poder de iluminar
As coisas que ficaram
Escondidas no passado

Clavio J. Jacinto

Seja Feliz de Verdade


Seja feliz
Ainda que com lagrimas
Outros chorarão contigo
Porque se fores feliz
Com o sucesso
Muitos
apenas te invejarão

CJJ

Bagagens


Bagagens


O que levamos da vida
O que deixamos
O legado da nossa existência
O que tomamos emprestado
Tudo isso deve ser pensado
Em tempo breve, refletido
Porque os tesouros inúteis
As bagagens sem valor
Pesam a caminhada
E escravizam o ser
Que pensando ser eterno
Num mundo que passa
Numa vida terrena
De brevidades vagas
Acaba chegando cansado
Na hora em que deveria
Abraçar o eterno descanso


Clavio J. Jacinto