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quinta-feira, 30 de março de 2017

A Benção da Humildade


Nos caminhos da humildade
Encontramos os lugares mais profundos
Lá na matriz de todas as virtudes
Então entendemos que o nada ser, do profundo
Pode voltar de baixo, brilhando intensamente
Como a mais preciosa perola.

Clavio J. Jacinto

A Descida ao Hades terrestre


Desci as profundezas da dor humana
Ali encontrei não somente as almas sofredoras
Mas também o coração das almas mais corajosas
Que tiveram a coragem de compartilhar
Um pouco de esperança em forma de amor.


Clavio J. Jacinto

A Esmeralda de Nero

(Poema em memoria da insanidade humana)

Verde é o sangue que corre na arena
Das vestes de dor dos soldados insípidos
Quais peregrinos da morte em espadas de aço
Estilhaços de glóbulos e celulas na areia
A guerra insólita dos gladiadores
Em furnas de mares e  tétricos suores
E Nero, tão sedento de ver mais sangue
Sorri, refletindo a história da humanidade
Sentado num trono com tanta fome de maldade
Ouvindo o delírio, a emoção da platéia
Da ausência dos sábios que ali não pleiteiam
Raios e faíscas do encontro de espadas
Da vil guerrilha que é circo do povo
Em esmeralda, Nero viu o sangue e a morte
A queda de condenados transpassados
Que tanta má sorte!
O povo grita, alucinado
A morte devora a carne, o rosto esfolado
Que épica ternura da lança transpassada
Da ânsias da morte, das faces rasgadas
Nero sorrindo, aplaude o assombramento
Das feridas da morte, derrama a loucura e toma
Bebida sinistra que embriaga a morte
Triste cena da decadência de um império
Da maldade e loucura, eis dos homens um sintoma
Das tantas loucuras nasce tão injusta sombria fome

Nero insano insaciado põe fogo em Roma...


CJJ

A Saga dos Inocentes



No choro infantil, vi as vozes mais puras
No mundo que renasce das ruínas da dor
Crianças exploradas como fantoches do prazer
Quando o homem afoga-se na paixão injusta

Nos clamores mais sórdidos perdidos na inocência
Nas ruas contaminadas das ulceras sem dó
Esmagam os sentimentos com os pés, as flores
Nos lamentos íntimos de crianças manchada de dores

No secreto do sofrimento, o “ai” do coração ferido
Mas noites tão sombrias, nos mais vis perjuros
Como ervas de recanto, assolada por vendavais
Infantes puros, escondidas nas sombras do susto

Percorrem tristonhas crianças, tragadas na alma aflita
Em almas congeladas, que cortam a essência da pureza
Num mar de falsos mares e ilhas de desordens
A face do homem duro, cadáver que entrona a vileza

Num frasco de núpcias infames, o tosco nefasto
O deslizar das negras paixões e desejos poluídos
Crianças adormecem no leito do sofrer silencioso
A marcha  desferida no centro do coração ferido

Poema em memória as crianças vitimas de pedofilia



Autor : Clavio J. Jacinto

quarta-feira, 22 de março de 2017

Deserto e Flores

Deserto e Flores

Como erva sem dor
Luz de um farol antigo
Viajo entre as veredas do amor
Quem dera-me sofrer calado
Como um arco sem flecha
Ou como
A angustia das flores esmagadas
Mas sou apenas vento
Sopro e alento
Que nos regaços abraça o frescor
Pra depois seguir aos desertos
Tentar ressuscitar perfumes
De todas as  primaveras mortas
Pois o deserto é o campo santo
De todas as Estações


Clavio J. Jacinto


Lágrimas Profanas na Terra Santa

 Lágrimas Profanas na Terra Santa


As águas de teus lamentos, minha Samaria
Que deixei entre os terebintos e a alma do açafrão
Vi  nas luzes das estrelas cintilantes
A dança dos grãos de areias no deserto que floresceu

Não disse o profeta solitário que as rosas despertariam?
Nas colinas da Judéia, as minhas pedras choram
Entre os sais do mar morto e as nuvens furiosas
Vejo  meus prantos regarem a face das cedros

As fendas das rochas são refúgios de muitas dores
Como os espinhos da cruz de Cristo, que cravados
Ferem o nosso silencio entre os lírios e as tâmaras mais doces
Pois o rosto da Galileia é um sorriso de densas relvas

Vou colhendo as cinzas da amargura do Jordão
Nas três noites de Jonas e o dia do Armagedom
Pois que em orvalhos que repousam do monte Hermon
Descem as geadas, como gotas de maná e perfumes

As tristes chuvas de Golan arrastam
Minhas fortunas de nada ter, a não ser a esperança
Como em Megido e no Carmelo, a minha alma é arma
Pra ferir de alegrias, esses meus sentimentos.

Fechem-se as portas da antiga Jerusalém
Porque ofendi  a inocência de cada estação
Nas praias da Galiléia eu repouso em vazios
Apenas só, sentindo o peso do alvorecer mais frio.

Clavio J. Jacinto

sexta-feira, 17 de março de 2017

Sensivel á Chamada do Alto

O
Ouvimos a voz do Senhor, através da sua palavra, seguimos a sua direção conforme a sua vontade, não erraremos o caminho, ainda que muitas vezes o trajeto pareça tão difícil.

Clavio J. Jacinto

O Valor das Dificuldades

As dificuldades iluminam a inspiração, mas muitas vezes a bonança apenas nos conduzem ao estado de conformidade das coisas sem sentido.

Clavio J. Jacinto

CONSOLO

Não temas a noite após o entardecer, porque a tranquilidade que vem chegando é uma dadiva que vem chegando, quando o consolo ainda repousa no silencio das estrelas

CJJ

Cisternas Rompidas

Tu que  tantos choras o orvalho
Tens dentro de ti cisternas feridas das manhãs
Vai pelos desertos
Ao encontro de almas ressequidas
Porque o germinar de todas as consolações
Dependem muito das chuvas de teus olhos.

CJJ

Lagrimas de um Profeta Chorão

Venho a Ti por frágil fé
Junto aos regaços de Tuas promessas
Como uma alma mais faminta
Trago comigo essas brechas do coração
Sou homem tão ferido pelos pecados
Pois neste mundo me assento e choro
Procurando as lagrimas do profeta chorão
Mas há uma cruz! uma fonte que de tantas chagas
Consola meu desespero e cura minhas dores
Em Ti me aconchego
Na sombra da Tua redenção
Pois ali encontro abrigo seguro
Alivio completo há
No perdão que flui da graça do Eterno Salvador.

Clavio J. Jacinto

Monturo das Lagrimas

Ai! ai! homens do mundo
Quão arruinados são vossos caminhos
Semeastes egoismo e colhestes desertos
Semeastes tanto orgulho
Que agora lamentas no monturo de tuas lagrimas

CJJ

A Luz do Amor

O amor
Ah o amor!
prova irrefutável
que quando estou vivendo o amor
a luz da eterna aurora da esperança
está acesa e ilumina o homem e
os escombros
e todas as ruínas desse mundo tão sofrido

Clavio J. Jacinto

segunda-feira, 13 de março de 2017

Ervas do Campo e Sonhos Solitários

                                             
Ervas do Campo e Sonhos Solitários

As ervas florescem nas verdes campinas
Se escondem nas sombras da tarde e nos prados
Desabrocham em alegrias, nas manhãs de outono
Na silenciosa aurora e no canto dos sabiás

As chuvas consolam a solidão delas
Flores tão lindas, pequenas almas de perfume
Guardiãs de todos os segredos da primavera
Das verdes folhas. Vejo o tom das tulipas amarelas

E eu sentado em uma pedra solitária
Coluna e altar de minhas campestres reflex~]oes
Vendo as montanhas sonhadoras do entardecer
Nas tendas de arbustos e paisagens de verão

Com a alma terna sacudida por  vendavais
Vou eu, águia da terra, murmurio dos bambuzais
Com impeto de espera, ver as as chuvas  lapidadas
Com o  sol tingido pra cada nuvem ficar dourada

Sou parte da alma da relva, num campo de coração florido
Que nas bucólicas noites de inverno, tinha minha mó partido
A alma dos aromas da terra macia que abraça meus pés
O amago do momento nas sobras do tempo, a solidão

(Vou  embora, do campo das ervas ao cais da vida. Pois debaixo de meus pés,  partindo eu, deixo as folhas feridas.)



Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 9 de março de 2017

Dançando na Aurora


No frescor da manhã, o vento dança
Abraça a alma com um amor humilde
Esta é a canção da iluminada aurora
Um oceano de felicidade está diante de mim

O sol fecunda a primavera e suas flores
Na praia, a areia entoa o reflexo de luz
Um brado do romper da gloriosa manhã
Minha alma abraça o êxtase da alegria

Sopra a brisa entre as perfumadas rosas
A sega não pranteia a demora do verão
Como lampadas que esperam a chagada da noite
Minha alma entoa a doçura do mel da manhã

Pois se porventura a noite passar
Ferindo com espinhos de pontas, a escuridão
Abraça minha alma, a corda de todas as estrelas
Não solta as rédeas, retende-as nas mãos


Porque a alma na luz dança abraçada com a aurora


Clavio J. Jacinto

terça-feira, 7 de março de 2017

A Chuva em Meu Rosto

A vida tem as suas glórias
Escondidas na alma da simplicidade
Eu almejo tocar as nuvens
Esses algodões  flutuantes
Que em naves atmosféricas, carregam águas
Oceano de orvalhos, que refrescam os céus
Nunca consegui tocá-las
Com minhas pobres mãos
Um dia
Quando ao entardecer chovia
Senti as gotas da chuva
Bater e escorregar pelo meu rosto
As nuvens estavam me tocando...

Clavio J. Jacinto

sexta-feira, 3 de março de 2017

Treblinka

Treblinka (Desesperationis)

"Senhor, se as nuvens são o estrado dos Teus pés, como estás perto no dia escuro e nublado!" (Anonimo)

As nuvens escuras desceram nos corações duros
Como ervas sinistras em solo frio e infecundo
As pedras gemem nas entranhas do mundo sem luz
Na sinfonia do medo e o sorriso da infausta morte
Homens fardados adornados de escuridão macabra
Retalham a esperança das crianças fracas
Afogam nas lagrimas os sonhos de virgens inocentes
Oh treblienka! Treblinka!
Tuas naus de sombras naufragaram na história
A vergonha do homem cruel, filhos do próximo pesadelo
Perpetuaram no tempo, a violência cega e inútil
Eu ainda ouço aqueles gemidos da noite medonha
Um fardo de inquietações que roubavam o sono suave
De todos os descampados vinham as almas da amargura
Buscando nos átrios do templo da insensibilidade
As respostas para uma vida de estranhos enigmas
Ali estiveram os homens mais bravos da terra
Mas  as famílias escoaram-se  pela túnel da desgraça
Depois do inverno uma  humilde flor nasceu
Pra tentar adornar com perfume a crueldade humana


Em homenagem as vitimas do campo de concentração de Treblinka, Polonia, na segunda guerra mundial

Clavio J. Jacinto

quarta-feira, 1 de março de 2017

Dachau (Desesperationis)



O tempo deu um vulto memorável, a sombra
A devastação da história na devassa vergonha
Como as serpentes loucas que fogem do temporal
Nesse orbe de lama e tantas mortes: Dachau

Tal qual temporais breves, famintos e sinistros
Que deslizam no céu e sugam a poeira do choro
Meninos escondem o sorriso entre os trapos
Mulheres abortam a alegria de viveu os sonhos

Esse rio caudaloso de tantos puros choros
Poetas já não encontrar o aroma da inspiração
Nos olhos amedrontados, uma incerteza sem igual
Nesse vale infausto, de dura morte: Dachau

Os vultos e as sombras ali estremecem
Como perpetua hora de um épico sem fim
Moças sem lenços, derramam a foz do silencio
Crianças ouvem o sarcasmo de um ultimo “ai”

Todos os sonhos que não vimos e pesadelos
Sobre essa tenda do medo, em caos calafrios
Germinaram na noite, a dor da vida anormal
Nesse mal pressagio de uma nocente vida: Dachau

Quem te consola com voz suave, ancião torturado?
A vida pregou a mensagem lesiva da violência humana
O prazer da dor está nos olhos daquele que não sente
A agonia do sofrimento é a herança daqueles que padecem

Tais são os homens brutais, nessa daninha encenação
Desse covil do poder e a fome do fétido orgulho
Quando o mal vira artista, faz uma mórbida peça teatral

No palco da vida, ao mundo aberto: é Dachau...


Clavio J. Jacinto