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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Santuário das estações

 


Não posso beber do cálice da doce graça

Se Cristo não tivesse sangrado amarguras.

As flores nascem nos campos

Os espinhos nos corações humanos

Deus nos acuda de nós mesmos

Pois até um beijo rasgou traição

Os que diziam "Hosana nas alturas"

Desceram as partes mais baixas da alma

E gritaram "crucifica-o, crucifica-o"

Sinfônicos tormentos flagelam a aurora

A morte da noite escura

O medo cadavérico confronta a expiação

O sangue na terra, a oblação 

Cordeiro de alma pura

Meu perdão, minha eterna segurança


C. J. Jacinto 



Considerações

 



Considerando que o mundo

É carente de luz

Acendi a minha vida

Como um meio de iluminar alguns


Considerando que corações

Sem portos e destinos

Vagueiam nas estradas da vida

Resolvi ser referência e indicação 


Considerando a falta de amor

Que deixa a sociedade tão enferma

Soprei a semente de minhas afeições

Para exercer perdão e caridade


Considerando os gritos confusos

De tanta gente sem harmonia interior

Resolvi cultivar o silêncio

Para que floresça a ideia profunda


Considerando os arroios de conflitos

As pelejas por palcos e holofotes

Resolvi seguir pelo brando anonimato 

Onde estrelas e flores me acompanham


Considerando o egoísmo pesado

Que do aço frio se faz tantos fardos

Resolvi desprender-me de mim

Para participar da miséria do outro


Tendo tantas outras considerações

Guardadas na alma de minha vida

Resolvi uma de cada vez revelar 

Para que erguidas em minha existência


Amigo, considere a si mesmo

Não sendo uma manobra alheia

Cave seu caráter na rocha do Mestre

Não na superficialidade da areia.


C J Jacinto 

Portas e Poentes

 


Portas e Poentes


O poente não é uma despedida

É a tarde desprendida

Uma ida 

Uma porta

O entardecer é uma partida

É uma porta aberta pra vida

Uma luminária percebida

A luz da estrela polar

O brilho das constelações

Esperança nos corações

A travessia do mar estelar

O amanhecer chegando

A estrela da manhã cintilando

O triunfo da gloria da luz

A vinda triunfante de Jesus


C. J. Jacinto 


A Busca

 A Busca





Os sarmentos podados choram

Em agonia de lamentos gotejam

Os ciprestes silenciosos ouvem

As batidas das chuvas de lágrimas


O vento canta entre as folhas

Em bálsamos das tantas ternuras

Até que nos bramidos ecoem

A sapiência de todas as doçuras


Com as asas dos serafins

Que em brasas me aquecem no frio

Eu imagino esse lugar solúvel

Os fluviais e refluxos de meus anseios


Quem dera-me sonhar augusto

No trepidar e o tremor da intensidade

Só assim náufrago a esmo

Eu busco  a minha felicidade


Que na dor do ímpeto que invade

Encontrarei no caminho, quem sabe

Essa tão plena realidade

Que Deus oferece em Cristo : a verdade 


C. J. Jacinto 


(A Luz Depois da Tempestade)

 


(A Luz Depois da Tempestade)


Busquei caminhos sem sentido

Placas que indicavam a perdição 

Vales floridos que escondiam abismos

Soniferas primaveras de ilusões 


Percalços e átrios sem fundos

Ruas paralelas do destino sem rumo

Íntimas semeaduras de lágrimas

A envergadura de todas as minhas dores 


Peso e fardo de meus temores

Meus pesares pulsando no medo

Nas entrelinhas de canções tristes

Em agonia pela dor que me agride


Oh Cordeiro santo e imaculado

Toma essas tempestades de mim

Essa voraz revolta que me atrofia

Faz cessar esses vis tormentos


Pois de Ti vem a bonança

Paz em quaisquer circunstâncias

Vem Cordeiro puro e celestial

Para me dar a luz do eterno fanal


C. J. Jacinto 



A Coroa e a cruz


 A Coroa e a Cruz

___


A cruz ditou a morte

Espinhos pregos ásperos

Armados aos gritos

Campos e o monte caveira

A  cena de dores vergonhas

Pálidas e tristonhas

Carnes e peles feridas

Um judeu suspenso 

O madeiro que devora

As trevas pela tarde afora 

Jerusalém  trêmula tanto chora

A agonia triste do Salvador

Que o fel embebido disputa

Com as chagas 

Quem mais penetra no interior

Torturas que suspendem o ser

Brados de conflitos vorazes

Dos risos sonâmbulas vozes

Arrasta o rei dos judeus a morte

Das contrárias sortes

O fôlego rasgado ressoa

Do túmulo a foz que recua

A ressurreição com um clangor

A dourada coroa

Encerra a vitória outra vez

Ele se tornou o Rei dos reis

---

C. J. Jacinto 


domingo, 13 de agosto de 2023

Aves Solitárias

 


Uma peregrinação da alma ao mundo imaginário em busca de respostas concretas.

 

 O horizonte antigo estava marcado pelos passos na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário, fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando encontrar meu próprio destino na existência.

A seqüência da vida transcende nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado, nosso futuro ficará cheio de incertezas.

Eu ando na areia, meus passos estão lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas parecem um cristal liquido.  Então vejo meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.

Estrelas caíram das ondas, elas estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.

É tempo de serenidade, então meus olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os trovoes adormecidos em suas profundezas.

Nossa mente encontra no infinito, um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões, repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.

Uma nau poente parece um navio sem alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.

Mas a noite chega, como uma asa de corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem, o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria, me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite. Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso enfrentar o escuro.

O que é coragem de viver? Trata-se de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela brilhando, se olharmos para cima.

Ergui meus braços, a tênue luz das estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir, um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face, retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.

No horizonte, na ilha do norte, um ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática, é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!

Toda esperança se fortalece com a paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo desanimo.

O temor evanesce, a face recebe uma tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade, já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha memória, e ali mesmo na praia adormeço.

 

Autor: C. J. Jacinto.

 

em busca de respostas concretas.

 

 O horizonte antigo estava marcado pelos passos na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário, fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando encontrar meu próprio destino na existência.

A seqüência da vida transcende nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado, nosso futuro ficará cheio de incertezas.

Eu ando na areia, meus passos estão lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas parecem um cristal liquido.  Então vejo meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.

Estrelas caíram das ondas, elas estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.

É tempo de serenidade, então meus olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os trovoes adormecidos em suas profundezas.

Nossa mente encontra no infinito, um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões, repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.

Uma nau poente parece um navio sem alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.

Mas a noite chega, como uma asa de corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem, o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria, me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite. Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso enfrentar o escuro.

O que é coragem de viver? Trata-se de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela brilhando, se olharmos para cima.

Ergui meus braços, a tênue luz das estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir, um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face, retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.

No horizonte, na ilha do norte, um ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática, é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!

Toda esperança se fortalece com a paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo desanimo.

O temor evanesce, a face recebe uma tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade, já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha memória, e ali mesmo na praia adormeço.

 

Autor: C. J. Jacinto.

 

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Refrigério e Perdão

 I

Ribeiros que trazem refrigérios

Brisas que amenizam o meu rosto

É seca a travessia da vida

Mas a Suprema majestade é

Meu manancial

II

Nos átrios do meu coração

Cantos canções de alegria

Cristo é meu precioso descanso

O cordeiro poderoso e manso

Me protege do desespero

III

Cheiro de pitangas e amoras

O Paraiso é um sonho restaurado

O amor divino e a misericórdia

São as bases de minha esperança

Não creio em Vão

IV

Como o estandarte é a cruz

Onde Cristo padeceu por redenção

Levanto os olhos ao infinito

Agradecido choro e grito:

Obrigado meu Senhor pelo perdão!

---

C. J. Jacinto

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Aves Solitárias


 

Aves Solitárias

 


 O horizonte antigo estava marcado pelos passos na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário, fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando encontrar meu próprio destino na existência.

Eu ando na areia, meus passos estão lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas parecem um cristal liquido.  Então vejo meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.

Estrelas caíram das ondas, elas estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.

É tempo de serenidade, então meus olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os trovoes adormecidos em suas profundezas.

Uma nau poente parece um navio sem alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.

Mas a noite chega, como uma asa de corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem, o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria, me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma suceesão de grilhões de aço mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite. Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso enfrentar o escuro.

Ergui meus braços, a tênue luz das estrelas mostravam meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um ser eterico, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir, um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face, retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.

No horizonte, na ilha do norte, um ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática, é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!

O temor evanesce, a face recebe uma tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade, já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha memória, e ali mesmo na praia adormeço.

 

Clavio J. Jacinto

 

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Torrentes de Graça - Livro Grátis

 


 

 Novo Livro de Poemas. Download: https://drive.google.com/file/d/1Ut8xDBhmJnoxGiAAWUxl0y6MsUltnnXq/view?usp=sharing

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Frases e Citações

 




Fonte Eterna

 


Rendição


 

Santidade

 


sábado, 10 de junho de 2023

Uma Coleção de Frases Cristãs

 











Um Poema Sobre a Fé

 


quinta-feira, 8 de junho de 2023

Pleroma

 

 

Não quero apenas ser

Vida de minha alma

Quero que sejas a alma

Da minha vida

Não quero ser apenas

Mais na existência de tudo

Quero que sejas

O tudo da minha existência

 

CJJ