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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Asfixia




Desde ódio jaz grave som que exaspera e destila
Nas camadas atmosféricas do grito de guerra
Das portas quebradas nos sertões da eterna terra
Que aguda dor em prantos não consigo respirar

As demências da raiva que polui o meu  ar
Ai de mim, ofegante,  em luta que eis  de suspirar
Pois a fumaça da arma e da batalha é a trama
Que expira e aperta meu fôlego em um drama

Quão pobre meu ser que “non sense” se desespera
Que na falta do oxigênio se debate flutuante  na dor
O ar do amor que se desfaz nesse temível  temor
Nas caladas e antros do vil nevoeiro que tudo dilacera

As andanças da alma crua na sega dessas tensões
De raiva e a ira nas crostas dessas perpetuas  dimensões
Dos homens  ferozes com corações quebrados e feridos
De outros contaminados pelo ódio na alma  inserido

Qual língua de fogo sagaz que a tudo  devora
A parte intima do amor que é totalmente  consumida
Nas brasas da violência que engole as virtudes da vida
Eu tento respirar a índole dos penhascos humanos

Mas que em fios de fabulas eu nem  acredito
Ainda que a caridade seja pra tantos um mito
Meus  pêsames a mim mesmo nessa forte tensão
Desse caustico respirar dessa dura inquietação

Que deveras fuga na noite de São Bartolomeu
Quem poderia ter sido no breu de aço ceifado era eu
Mas corro ofegante nessa intensa  encenação
O ar que respiro nessa batalha que me envolvem

E que diria mais, se tão cansado estou
Por águas profundas minha alma peregrinou
Agora que o descanso da fadiga feroz chegou
Já não preciso da tristeza, preciso de esperança



CJJ

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