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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O ECO ETERNO



Do cume de um monte, um homem santo
Cravado na dor arguta que tanto rasga
No vento aguçado que o intimo rasga
A alma acentuada na angustia tão derramada
Os "ais" ecoaram matando nosso silencio

Na beira de um abismo, humilde alma
Despedaçada na devastação da impiedade
O peso enorme dos erros alheios suportava
Fardo imundo, repulsa aleivosa que macula
Os "ais" internos o brado que atravessa a noite

No alto, no tempo fracionado, ali jazia
Um ser que desceu a todas as fraquezas
Tocando no véu da lama imunda e na baixeza
Num ato forte e firme ao perene resgate
ouviu  nossos "ais" e estendeu as mãos furadas

Um cálice de dores agudas cai no chão
Nos ombros do infinito, a vileza mais sujas
Gemidos e lampejos em suor se misturam
A sede em forma da fúria mais devastadora
Os "ais" retinem de um cais violento da terra


Um brado incessante quebra o cosmos
Um clamor da alma lavrada rompe a vida
As tremulas chamas das estrelas se escondem
Um ultimo "ai!" o véu do alto é rasgado

Um eco eterno, a voz do triunfo "Está consumado!"

Clavio J. Jacinto

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O Coração Perdido de Jonas



Tomei um navio na minha desventura
Nas orlas do mar furioso e encapelado
Pra  ir a Társis, em vão peregrinar
Tomei águas do cálice de meu ego
Nas cordas frouxas da minha opinião
Fui rente escondido a sorte  navegar

Desci ao porto, pra viagem longa
No porão de um navio desencouraçado
Pra bem longe segui remo, a sonhar
Como noite sem lua esse antro baixo
Útero do hades,  claustro de minha fuga
Em demoras longas, no oceano zarpar

Fugi da vida, a missão mais certa
Eu, sincero sonambulo num saco de linho
Um ébrio, tonto destino e torto vagar
Nas floridas águas da tempestade turbulenta
Em sombras eternas escondi minha alma
Vou pra Társis, a madrugada a divagar

Perdi o pouco juízo que me restava
No réu esconderijo, destino sinistrado
As turbulências , nas horas vindouras da confusão
Vi  gente desesperada, o choro do amargurado
Ai! Ai! Navio a pique,  almas que se afundam

Volta! Volta! Jonas! Vai a Nínive buscar teu coração



Clavio J. Jacinto

Orfãos de Der Zor

Quem dera-me, muito prantear por ti
Regar as areias na penosa dor humana
Onde o rosto infantil não mais sorri
Porque da luta e da fuga  ergueu o silencio

Os pilares da esperança caíram
As mãos feridas de um infante ferido
Os céus, testemunhas dessas dores
Homens duros, ceifando perfumes

Os gritos selvagens e outros suaves
Infantes perdidos, choram desconsoladas
Perdidas na fuga, lapidadas na dor
Nas areias do deserto de Der Zor

Minha voz glacial aqui tanto chora
As chagas desses meus pequenos irmãos
Fugindo das laminas e do ódio pungente
Nas secas pedras desse mundo tão vil

Um povo quebrado, bebe do mar negro
Quando as nuvens caridosas já se foram
Crianças brincam com as estrelas da noite
Exiladas em um mundo de tantos espantos

Vem homens! chorem por vossos filhos
O tempo passa, a dor deixa os rastros
Uma trincheira aberta na civilização
As sendas das folhas vermelhas, sem juízo

A sombra do Armagedom implora por vós
O espinho da dor clama, diante desse terror
Infantes solitários rasgam o coração atrito
Ali no deserto humano, o ermo de Der Zor.


Clavio J. Jacinto

Der Zor foi o destino de muitos armênios, durante a era que sofreram o genocídio (Primeiras décadas do seculo passado) Para lá marcharam muitas crianças, era uma marcha para a morte e a desolação...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

APOLO 11- 1969 A Odisséia



 O homem foi a lua, que coisa!
Voou como Ícaro metálico, se foi
Mergulho na noite escura do espaço
Navegando no jardim das estrelas
Epopeia, a saga de um velho sonho

O homem foi a luz, que aventura!
Flutuando como anjo em asas de ferro
Fecundando o desejo da conquista
Penetra no infinito, na poeira cósmica
épico, a vasta face de um sentinela

O homem pousou os dedos na lua
Numa cidade furada, sem dó e sem rua
Num satélite morto sem água e sem vida
O pó andante na areia da praia tranquila
O vão triunfo, a conquista de que?

Aqui embaixo, a fome a assombra as crianças
O medo invade o quarto do fraco ancião
A miséria arrasta as almas á tortura
O mal predomina, verdade nua e crua
E os astronautas não trouxeram a solução da lua...


Clavio Juvenal Jacinto

sábado, 24 de dezembro de 2016

O Fluxo das Aguas

Desde as fontes primárias eu desci
É a minha alma, como águas seguindo
As pedras do leito, fui ferindo
Vou de encontro ao tão infinito mar

Como ponteiro de relógio antigo
Que no tempo mergulha e desliza
Vai meu ser sensorial fluindo
Um rumo aberto, viagem sem fim

Caindo vou em foz e lagos siderais
Seguindo aos vales, pântanos e o lodo
Sufoco na irrigação da terra tórrida
Mas as nuvens resgatam minha alma

Ah! no cume do céu, vou flutuando e feliz
O mundo inteiro parece tão distante
Nas alturas, pareço ser Ícaro sem cera
Até que um trovão agudo tanto me assusta

Tremulo e boquiaberto, olhos arregalados
Transforma-se minha alma em pingos, eu caio
Tão veloz e violentamente pra baixo
Espatifo-me no chão, no leito do córrego, que dor!

Ali próximo, o tão vasto oceano
Com braços abertos e dor de fartura
Me suga com doçura e me beija com amor
Minha alma minuscula já é límpida imensidão

Clavio J. Jacinto

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Intimo Mistério da Esperança

Intimo Mistério da  Esperança



Minha esperança é uma semente
Carrego ela dentro de meu coração
Por onde passar
Ainda que seja o mais causticante deserto
Minha alma florescerá em alegria
Pois a primavera estará dentro de mim

Minha esperança é uma luz
Escondida dentro da minha alma
Por onde passar
Por mais escuro que seja o vale
Meus passos seguirão seguro
Pois é meio dia dentro de mim

Minha esperança é uma arma
Carrego ela dentro da mina razão
Por onde passar
Ainda que seja mais gritante o erro
Minas consciência se levantará
Pra matar o desespero de ceticismo

Minha Esperança é um consolo
Carrego tudo dentro de mim
Por onde passar
Ainda o desespero tente roubar a vida
Meu coração gritará mais alto
Para cantar a canção do triunfo

Minha esperança é meu repouso
Carrego sempre dentro de mim
Por onde passar
Ainda que a fadiga da vida me assole
Meu coração dará a alma o pão da eternidade
Viverei lutando e morrerei feliz


Clavio J. Jacinto

A Guerra


Dou a minha outra face
Pra quem acredita na bondade da guerra
Dou a minha duvida
De que tal coração ainda esteja vivo...

Clavio J. Jacinto

Passagem da Vida


As flores não escolhem um caminho para andar,
 elas desabrocham pelos caminhos que nós andamos

Embora seja escura a jornada da noite
As estrelas nunca param de brilhar

A importância dá vida
Só pode ser valorizada pelo nosso coração.

CJJ


Portas dos Sentimentos


As vezes um sorriso abre as portas para a alegria
As vezes é a alegria que abre as portas para um sorriso


Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Cainhos e Sentimentos


A Força da Fé


O  desanimo afugenta nossa esperança, o medo mata a nossa coragem, mas o amor fortalece a nossa fé


Clavio J. Jacinto

Conhecimento e Visão

 A visão do coração é o conhecimento, o anelo da alma é a sabedoria, o caminho do virtuoso é a prudencia, a alma piedosa confia em Deus

Clavio J. Jacinto

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Pensamentos Portáteis

Pensamentos Portáteis


Carrego dentro de mim, mundos
Guardados em baús de papeis
Imagens e espelhos, pensamentos
Bolhas efêmeras de cores vagas
Num eterno mundo de faz de conta

Tenho um esconderijo aceso
Cheio de ideias e imaginações
Carrego dentro de uma alma vazia
Levo minhas memorias para onde vou
Descarrilhadas do trilho frio da loucura

Meus vagos pensamentos são leves
Palhas de minha que fogem do fogo
Jóias debulhadas, futas empalhadas
Idéias boas e outras inúteis
Guardadas num saquitel do homem avesso

Tenho pensamentos em forma de trovões
Sementes de idéias no campo da inspiração
Outras ainda vagam no deserto da futilidade
Uns se abrigam na ancora da fé
Mas a maioria parece cair no solo estéril.

Meus pensamentos são sementes flutuantes
Estrelas que cintilam no universo de dentro
Guardados nas cavernas do mundo mental
Bucólicas peças do teatro do ego
Encaixes do quebra cabeça de minhas histórias.




O Cerco de Leningrado

O Cerco de Leningrado


Cercam-me essas hordas feias e noturnas
Filhos de Ahnenerbes com suas foices afiadas
Espanto-me ao lamurio da ingrata fome nua
Quão brava é a noite que faz a neve polida
Águas que caem no prelúdio de meus sustos
Até me envelhecer nesse cansaço, espero
Nas ruas despovoadas, trilham esses grilhões
Nos muros dessa fúria, em fuga, me escondo
Meu medo é que a fome não se assuste
Adormeço, no leito das nevoas em vastidão
Para escrever em sonhos esse pesadelo frio
Até me  envelhecer de cansaço, espero
Quanto mais bombas chovem nesse torvelinho
Entre fumaças e fuligem dos choros, eu grito
Vem o surdo inverno, apregoa aos legionários ilegítimos
Como fugir dos  ferros de uma algema congelada
Pois eu mesmo não consigo rir de tristeza
Até me  envelhecer de cansaço, espero
Fujam soldados frugais, vão embora pra longe.
No instante de mil desesperos de minha fraca fome
Sou eu, fantasmagórico ser partido por falta de pão.
Eu mesmo, num ato sóbrio de desarmar a alma.
Para que o ódio não amordace meu fraco amor

Até o cansaço envelheceu, fui embora, os soldados ficaram.

Clavio J. Jacinto

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Felicidade

A verdadeira felicidade não encontra repouso mais seguro, do que um coração que ama a Deus.

CJJ

Pensamentos portáteis




Carrego dentro de mim, mundos
Guardados em baús de papeis
Imagens e espelhos, pensamentos
Bolhas efêmeras de cores vagas
Num eterno mundo de faz de conta

Tenho um esconderijo aceso
Cheio de ideias e imaginações
Carrego dentro de uma alma vazia
Levo minhas memorias para onde vou
Descarrilhadas do trilho frio da loucura

Meus vagos pensamentos são leves
Palhas de minha que fogem do fogo
Jóias debulhadas, futas empalhadas
Idéias boas e outras inúteis
Guardadas num saquitel do homem avesso

Tenho pensamentos em forma de trovões
Sementes de idéias no campo da inspiração
Outras ainda vagam no deserto da futilidade
Uns se abrigam na ancora da fé
Mas a maioria parece cair no solo estéril.

Meus pensamentos são sementes flutuantes
Estrelas que cintilam no universo de dentro
Guardados nas cavernas do mundo mental
Bucólicas peças do teatro do ego
Encaixes do quebra cabeça de minhas histórias

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CLAVIO J. JACINTO
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Cassiciacum



Vou entrando nesse recinto imaginário
Depois que minha alma iluminou-se
Uma fagulha de fé veio da terra remota
Ardeu fogo dentro do meu coração

Vou entrando nesse castelo de vidro
Suave janela de céus do terceiro paraíso
Luz de glória, no coração incendiou-se
Fanal aceso na ilha das minhas duvidas

Vou entrando por esse jardim de lírios
Perfumes de âmbar, o terceiro dia
Nevoas de incensos pulam dentro de mim
Fui arrebatado como as chamas do candeeiro

Vou entrando para o campo dos repousos
Assegurar  que a revelação é intima e celeste
Num recinto cheio de aromas de frutas silvestres
Cada sabor doce que se perdeu no Éden

Vou entrando na realidade do amor
Na face dourada da gratidão
Onde meus olhos repousarem seguros

Ali descansará a fé,  no meu coração.

Clavio J. Jacinto
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Sacra Consolationis

Só o silencio revela os abismos da vida.

                                 Maurice Zundel



Sacra Consolationis

O que é o silencio?
O  silencio é o espaço necessário
Para que o consolo divino
Faça o percurso até o coração ferido

E o amor?
O amor é  tão necessário para a imortalidade
Que sem ele seriamos apenas um eco

Na inexistência.

Clavio J. Jacinto
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Babi Yar (Sanctae Memoriae)

A terra brutal se assusta á sombra espessa  humana
Ríspidos risos e sinistras devoções ao vil ego
As víboras invejam o drama dessas hordas tão infames
Demônios se assustam com tantas crueldades sombrias.

Alma de áspides, flutuam como as palhas do Gehena
Invasoras de corações  abertos,  endurecidos pelo mal
Na ravina, chora a moça no covil de seu destino cruel
O ancião sussurra aos ventos o caminho da maldade crua

Soa das balas o assobio tétrico, o canto do medo
Atinge o sentimento no intimo da fuga vã da criança
Em um valado, retumba a ressonância de uma misericórdia  
Os estalos dos gravetos de aço, o chumbo maligno matam ela

AI, meu Deus! Como o mal é terrível na alma humana
Se os lençóis desse gelado e fúnebre sentimentos mortos
Não podem jamais despertar a essência da pura bondade
Como viverei entre os mortais da guerra, vendo a fome da morte ?

Ai meu Deus! Como é assustador o bramido do infante solitário
Da mamãe que cruza os braços da terra e beija o solo de Adão
Num piscar de estrelas, o lampejo das metralhadoras ferozes
O medo dos moços caem mortalmente feridos no desalento

Esse é o teatro do orgulho humano e a insanidade das mortalhas
Em vão protesta meu coração, sucumbe meu ser na dor
Quero ir embora, pra mesma senda, que foram os sofredores
Porque donde ceifam as vidas , ali nascerão as rosas mais eternas.

Clavio J. Jacinto

Babi Yar :Local na Ucrânia conhecido pelo massacre de judeus e russos por nazistas durante a segunda guerra mundial

sábado, 17 de dezembro de 2016

O Mistério das Fontes da alma



Quando choras
O mar de dentro
Borbulha as dores da existência
No recinto mais sagrado

Quando choras
Os ventos sopram agonias
O coração de gelo derrete-se
A alma escoa pelos olhos

Quando choras
Torna-se mais humano o homem
A força das lagrimas
Está no grito sufocado

Quando um homem chora
Abrem-se as fontes do sofrimento
O sofredor torna-se um ser sacro
Para beber dos mistérios da vida

Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A Coragem e o Temor




Não temerei o silencio do outono
Nele as folhas adormecem sobre
Mil saudades

Não temerei a escuridão noturna
Porque ela tange
O brilho de todas as estrelas

Não temerei a bravura da tempestade
Porque ela forja as cores
Do arco-iris

Temerei a bolha de sabão
Porque ela parece ser o  reflexo
Da vaidade humana

Clavio J. Jacinto


Humildade e Perfeição


O Dignificado das Coisas...


Cumes e Praias

As ondas na praia nunca desistem de seu retorno

Embora o cume das montanhas nunca sejam suas conquistas

CJJ

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A Verdade é Um Oceano

(Um discurso poético)

Se a verdade for
Por um instinto de sobrevivência eterna
Um profundo mar silencioso
Mergulho eu
Eternamente nele

Se a verdade  for
Por um discernimento de existência perene
Um amanhecer depois da meia noite
Levanto-me perpetuamente com a doce luz

E se por desventura
A verdade morrer nos braços da injustiça
Quero que a minha pobre alma seja
O Jazigo dela...

Clavio J. Jacinto
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Aforismos, Poesias, Discursos e artigos de minha autoria também podem ser lidos em

https://www.texton.com.br/

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Portal dos Naufrágios

A vida
Esse mar tempestuoso
Cheio de galeões e caravelas
Braços que remam contra as ondas
A vida é um oceano de muitos náufragos
Cheio de  ventos e outras tempestades
Há um porto seguro além do horizonte
Um portal depois das nevoas mais escuras
Onde ancoras de esperança, nos abraçam
A vida tem um sentido depois da dor
Um significado depois da aflição
A vida é um portal de naufrágios
Mas no fundo das águas turbulentas
Uns sucumbem pra sempre no escuro
Outros lapidam as perolas da existência
Pois das dificuldades nascem os tesouros
A vida com suas aflições
Formam os heróis tão humanos
Que os próprios anjos invejam...

Clavio J. Jacinto


Primavera Aos Meus Olhos

Oh bendita
Primavera
Bem aventurada és
Porque em ti
Meus olhos contemplam
A ressurreição das flores

Clavio J. Jacinto

sábado, 10 de dezembro de 2016

Pr C. J. Jacinto: A VIA DA TRANSFORMAÇÃO

Pr C. J. Jacinto: A VIA DA TRANSFORMAÇÃO: Muitas vezes aquelas mudanças que tantos almejamos nas pessoas a nossa volta, é aquela mudança que precisa iniciar-se radicalmente e nece...

O Casulo do Pó e a Libertação


Eva sem caminho, sem ternurento jardim
Infância da civilização caída
Subúrbio da terra de ninguém
Onde está Abel? Onde está Caim?
Nesse manto de dores que é a humanidade
Nessas guerras mundiais, tantas calamidades
Nós homens, nesse casulo frio da vida
Nas entrelinhas da história narrada da dor
Nas sendas dos dissabores e as asas límpidas
De aviões caídos e borboletas perdidas
Como navegar nessa vastidão efêmera?
Somos a alma das neblinas que se dissipam
Nas prisões do tempo, no claustro do passado
Erguemos nossos sonhos e pesadelos
Tantos enigmas e o relógio não espera
Apenas aponta na direção a outras eras
Nós perdidos nesse casulo, a vida
Eva abriu o caminho do sofrimento
Nesse pérfido  caustico lamento
Adão foi, e arrastou nossos corações
Oh! prisão primaveril!
Em teus anseios, busco eu sentido
Nas vaidades de anseios doloridos
Nesse casulo misterioso e apertado
Onde vimos tantos gemidos angustiados
Abro as asas da anelante alma
Nessa pressa ferida que não se acalma
Pra sair fora dessa vasta confusão
Chorar e sorrir e depois voar
Como a semente suave e flutuante
Que se desprende exaurida da flor
Já não mais me contento nessa prisão de pó
Procuro eu alado, agora destino melhor
Num mundo sem guerras e mistérios
Mais alto, no cume das estrelas
Numa ampla e aberta janela
Onde já me esperava, a minha esperança
De braços abertos para  acolher
Meu coração breve que tanto suplicava
Saindo eu, do casulo de madeira fria
Pra beijar aquela (altíssima) Estrela vespertina
Que em tantas noites, no meu caminho refulgia


Clavio J. Jacinto



Caminhos e Destinos

Há uma luz depois da breve colina
Uma lampada frágil na noite vazia
Há uma doce expectativa no horizonte
Um farol solitário que indica a direção
A noite ainda é infantil e escura
O mar raivoso brada contra o fogo
Sei que há os primeiros caminhos
Uns são meus, outros não tem tem donos
Tenho escolhas a tomar
Todo destino precisa de uma direção
Há uma luz depois do jardim eterno
Um livro e evidencias silenciosas
Há uma visão de lume no coração
Um sentido exato, depois da confusão
A madrugada anciã, tanto persiste
O vento teimoso vem soprando
Sei que tantas direções desprendem-se
Uns certos e outros não tão errados
Tenho decisões a tomar, prossigo
Dá-me sabedoria, meu Deus Altíssimo
Para que todos os caminhos verdadeiros
Sejam os fundamentos de minhas alparcas

Clavio J. Jaconto

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tarde de Verão



A chuva cai no chão empoeirado
A nuvem abatida que desce
Do céu, em pontes de relâmpagos
P'ra beijar esse solo cinzento
Ecoa o clamor do trovão
Um "ai" polido na ressonância vazia
Como as pedras de todas sequidões
É escuro esse cadinho celeste
Bigorna de nevoas turbulentas
Ventre cósmico das trovoadas
Vaso intrépido nuvens escuras
O sopro assustador do tufão
Não! não é uma sopa primária
Nem coração torcido e atribulado
Simplesmente é uma tarde de verão

Clavio J. Jacinto

Não desanime...


O Susto do dia D




O Susto do dia D

Por esse manto de areia estranha
Segue o destino da ceifa e a guerra
A existência de solitárias mortes
Águas azuis como pétalas descarrilhadas
Pedras negras polidas e tão solitárias
Fundamentos das montanhas de fumaça
Eu debruço e choro a dor da batalha
O índigo cadáver de uma virtude
Tão morta em si mesma que tanto assusta
O dia D, cânticos sinistros dos canhões
Sagrando e tingindo a areia de vermelho
Eu debruço nas pedras e grito meus “ais”
Chorando e cantando minhas dores feridas
O verde cadáver de um ultimo sonho
Ceifado no clarão da aurora granada
Por esses lenços granulados da areia
O tempo movediço sepulta ilusões
Que espetáculo são os tiros impios
Relâmpagos atrozes da terra aos céus
Soldados fortes caem corados de fraqueza
Levando consigo sonhos e saudades
Na tão fria areia da praia que foge
Nas placidas gotas de orvalho desesperado
Lá onde o amor ainda vivo
Luta pra não dar o ultimo suspiro
Eu debruço na lamina da dor
Pra chorar por minha pobre alma partida



Clavio J. Jacinto

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A Roseira



Não arranqueis a dor do destino
Nem danifiqueis o mito da fatalidade
Pois quando chega a primavera
As rosas desabrocham no jardim
Mas os espinhos chegam com elas
Para protegerem-na das mãos alheias...

Primavera Solitaria



As asas azuis inflamam a primavera
O frescor dos perfumes da chuva
Oasis misterioso no deserto da alma
Caminhos áridos do ser interior

Borboletas entoam o grito do amor
Combatendo nas portas da vida inflamada
Uma prece rustica e um eco vazio
Ai meu inverno! meu pensamento enrijece

A primavera solitária invade os prados
Se esconde num ramo seco de tomilho
Sorrindo aos rios caudalosos das montanhas
Num amparo seco no orvalho das violetas

Quem dera-me sonhar com saudosa solidão
A solicitude é meu estranho ente padecido
Porque as flores tomaram o amanhecer
Riscaram todo o campo, como um desenho cego


Clavio J. Jacinto

Hipocrisia


A Senda da Cruz


Sobre Difamação


Rosas do Campo e Outras Flores

Morreu a noite e nasceu o dia
Nos campos o vento sopra
Névoas da manhã escondem a relva
Perfumes das estepes, barulho dos rios

Cantam os pássaros depois do galo
A madrugada é filha órfã da noite
No verde das campinas a rosa desabrocha
Como estrela sem rumos siderais

Outras flores cantam um consolo
Num instante de violetas e jasmins
Pois as pérolas moram tão longe
Nas magoas frias de um mar revolto

Quando a manhã chega no jardim
As abelhas dançam nas esferas coloridas
Borboletas em pouso tão suave
Beijam a face decorada de todas as flores

Nesse sonho de destinos eternos
Campos e jardins proclamam a vida
Nós pobres e límpidos homens descalços
Sorrimos diante do belo, com cocegas no coração

Clavio J. Jacinto

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Flores e Jardins


Assim como a flor ao desabrochar-se para vida
Abre-se completamente para a primavera
O coração que se abre para a fé
Desabrocha para a completa esperança

Clavio J. Jacinto

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Frágil Mar da Vida

A vida é tão imensa como o oceano
Frágil como as águas por entre as mãos
Vigorosa como as ondas que persistem
Dominar as praias
O mar é como a vida
Acolhe as nuvens tempestuosas
Porém, também reflete

Todo o fulgor, da majestosa aurora.

CJJ