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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Buchenwald




Das colinas de Ettesberg ouviu-se um grito e  estrondo
Tão medonho quanto a lama assustada na panaceia
Um reduto de gemidos sombrios e devassa gargalhada
De medos e opróbrios de uma alma descongelada

As fossas de um kamikaze em pó de carbono morto
Nas retortas de um pobre mendigo que rasteja no vento
Entre fosseis de amor morto que jazem no relento
Que os odres da tortura e violência cravam na carne alheia

Quando o sol perdura em nuvens de tempestade
No apogeu de uma fêmea que assombra por tanta maldades
Eis que de sinistras vozes ecoa o vil e atroz pulsar
De quem suga a vida para escoá-las nos charcos do absinto

Da eira seca  das dores a palha mais se incendeia
De vassouras intrépidas e cães famintos que devoram areia
Um riso sarcástico pela famigerada dor inflama
Uma rosa negra que desabrocha na crueldade humana

Ai  todos esses infantes nos montes,  que mais choram
Que laboram na manutenção das espadas afiadas e ingratas
Na forja de um desespero que distribui os camaradas
Desses  insólitos, em dureza fúnebre que não sentem nada

Não clama e por si a foz de gritos tanto que agonizam
Em mãos de bruxa infame no despertar maligno
Sai em busca de sarcasmos no âmago do mais real  terror
Assim nasceu de pérfida mulher, a penada alma do pavor.


C. J. Jacinto

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