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sexta-feira, 20 de julho de 2018

PALINGENESIA


PALINGENESIA

Ouço o grito de mil grilhões nos intrépidos "ais" de todas as dores. Como se todas as batalhas corressem para o leito dessas praias de angustias do homem moderno. As laminas do arado do sofrimento rasga os horizontes das frágeis vidas. Como se o fio do vinagre de cada lamento tecesse a tapeçaria das angustias. Por entre as areias rubras de um cruel estrondo, ouço o despedaçar das correntes frias. O romper de um casulo, asas sublimes entoam a canção da nova vida, então os olhos se voltam para o vale da redenção, e ali minha alma pra sempre adormece nos braços puros da glória excelsa que renasceu do meu pesadelo.

((Clavio Jacinto))

Cálice da Luz da Aurora


...É tarde no jardim desta infância que passou, a noite é um mar de brisas intranquilas, o orvalho é como lagrimas de rosas, é  no odre da terra odorífera, matriz de todos os jardins, que suspira a minha alma envelhecida.  Como seria a jornada da vida sem a tristonha madrugada? o circulo da noite é um moinho de brisas polares, os aromas das frutas de outono penetram nos muros da escuridão de todos os silêncios. Num estampido de luz, como fogo de aurora, desperta a minha alma, e descubro no amanhecer rutilante que a vida tem o sonho da cor que a gente vive...
((Clavio Jacinto))

PORTO DAS ANCORAS.

PORTO DAS ANCORAS.
Sonhei que batia na porta do amor, buscando consolação. Quando a porta se abriu, vi meu coração lá dentro ferido. Em farpas e magoas e um grito flutuante, a agonia de angustias, tal como a escuridão presa nas correntes da noite sem estrelas. Um mar de "ais' e um martelo que quebrava todos os silêncios. Das laminas do arco da suave mão tão delicada, que de caridade arrancava minhas dores de alma abatida, vi meu coração sendo curado. Depois de ventos e ondas, foi chegando a primavera aos meus olhos, onde os perfumes da esperança acariciavam minhas cicatrizes. Quando despertei do sonho, vi as luzes das estrelas acesas, e dentro de mim, a paz que da aurora, ouvia o brado da luz, que no porto
do novo dia, ancorava, trazendo todas as esperanças que tinham ido embora, na tarde de ontem....
(Clavio J. Jacinto)

O VENTO



Os ventos não conseguem apagar o brilho das estrelas
Nem remover  uma delas de seu lugar
Os ventos sopram e levam os barcos dançantes
Fazem cócegas no mar e as ondas são seus risos

Os ventos levam as folhas dos jardins
A poeira das lagrimas congeladas do outono
Pelos caminhos dos gritos carrega as sementes
Pra injetar no osculo da terra, as plumas da vitalidade

Do sopro, hálitos do sul e perfumes do oriente
Do cálice das chuvas, os campos são irrigados
Os ventos levam os aromas e aplausos dos pomares
Do deserto o grão de areia, séquito de benditos altares

Sopra sobre meu rosto, acende meu coração
Minha alma é lâmpada e meu pensamento luz
Que das brisas que levam os meus cantos singelos
Abraçam em finitos afetos as flores e o céu tão belo

Que de refrescantes  deslizes em aventais
As glórias da tarde e o silencio que nutre a minha paz
O vento sopra nessa face que olhos vivem refletindo
O brilho ameno de um respiro a sensação de estar vivendo


Clavio J. Jacinto.