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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Fome em Bengala




Na tempestade dança as gotas de teus choros
Como lâmpadas amortecidas por um grito infante
Como relvas secas em espinhos recalcitrantes
Perpetuadas pela falta dos grãos que abençoam o pão

E que deveras tristes vagas de sois escuros
Em tormentos nas favelas de estômagos vazios
Como ermo em palhas famintas submersas no frio
Deixem a fúria lamber esses labios verdejantes

Que em desespero tais vidas não saciadas
Que consagram  o pó lambendo a calçada
Pois de uma mó a pedra se seca na imensidão
Numa capa de desventuras nos cais da assolação

Que chora infante em peito sem leite
Pois na urgência  do medo em breu enfeite
As chagas da barriga e o osso na pele
Que das angustias de tantas ânsias expele

Aquele urro num amontoado de túmulos fingidos
Onde cada esqueleto se apega num triste abraço
Para de ultimo suspiro uma fatia da terra nos braços
Deixar a terra e um paraíso de montes fugidios.

CJJ



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