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quarta-feira, 11 de março de 2020

Porto das Tempestades


Porto das Tempestades


I
O pecado jaz ao tributo das calamidades
Quis eu sonhar nessas ervas rasteiras cantando
Nos vendavais não ergo minhas ternuras
Pois se o sol nascesse diante de mim
Que brilho tem a luz para o cego?
II
Vi um anjo caído ao longe que bebia
A erva que suava tais absintos de rebeldias
Orvalhos desses redemoinhos abissais
Minha alma tremia nesses bosques cinzentos
Mar de meus fracassos rios de meus desânimos
III
Que alvuras prestes ausentes
Dessas rosas negras aqui presentes nesse subsolo
Muros caídos desses corações baldios
Túmulos envelhecidos moradas de iniqüidades
Ondas de meus lamentos sedentários
IV
Do auge de minhas misérias mão pura que socorre
Como lâmpada que aquece e alumia um morto
Oriente de todas as suplicas num cálice de substituição
Quando respirava a ultima agonia da ignomínia
Um manso Cordeiro tragou todas as minhas mortandades.
(Clavio J. Jacinto)

sexta-feira, 6 de março de 2020

ENTREGA




I
Da copa da árvore mais frondosa
A folha se desprende para fora
Ligada á vida em raízes audaciosas
No abandono de si mesma vai embora
II
Se o grito vento com seus ruídos e brados
Invisíveis mãos que  carregam a esperança
Da folha solta que livre e sem fardos
Percorre a solidão do espaço de distâncias
III
Aprendeu a folha a viver tão desprendida
Sem escolha ao destino que aceita
Pois o vento em seu ímpeto de força desmedida
Segue levando à folha a montanha espreita
IV
Assim somos nós  no tumulto ansioso
Devemos fazer a entrega incondicional e a sós
Para alguém que como o vento impetuoso
É Divino e mais forte do que todos  nós.

(Clavio J. Jacinto)

segunda-feira, 2 de março de 2020

QUEBRADO





Através do espelho vejo eu mesmo
No outro mundo mítico do faz de conta
Retrato falado deste pobre nobre sonhador
Incólume a voar nesse universo paralelo

Impenetrável mundo sem espaços abertos
Onde a memória quântica não esparge matéria
Eternos sonhos que evanescem no pseudo éter
Inférteis sementes de minhas aspirações

Nas barbas do além suspiro eu devaneios
Aos sóis íntimos que refletem na minha alva
As canções que emanam desses reflexos

Quando dou conta dessas fátuas ilusões
Recolho as duras lagrimas que caem dos olhos
E jogo contra mim mesmo quebrando o espelho


Clavio J. Jacinto