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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Poveglia





Dos cais de teus portos eternos jaz silencio
Dos ossos escondidos em teus arsenais
Dos homens que no naufrágio do próprio desespero
Nas caladas indignas do medo se desfaz

Quem em ti passa a noite toda,  sozinho?
Se tais assombros se acampam no denso  calafrio
Quais betumes de morte e pestes  que te retratam
Nos ventos mortuários que por frestas assoviam

Das relvas e a vida humana que vem e vai
Nos poros de um épico que a brevidade tece
Dos códigos mortais de uma leve sombra que se esvai
Do existir que dos poucos anos se evanesce

De tais praias não tem um acesso em terra
Dos  amargurados que na desolação do isolamento
Foram banidos das ruas da cidade das sombras
Para ver um ultimo pulsar depois do batimento

Quais tenros lábios que beijaram a frieza
Num ultimato de fausta coragem da emancipação
Que em ti cada cadáver a mais veja
O Mergulho na tumba e a sombra da desolação

Pois a morte que nos ronda algum dia chega
Com a fartura de muitos dias que são somados
Ou a ceifa das enfermidades que ao homem vem
Das portas da vida que batem ou nos é negado

Que das ânsias dessa ilha de dores  e tantas fadigas
Nas ponderações nobres sobre a nossa brevidade
Folgas e vive de esperanças, sustos e há quem diga
Brava é a vida que o tempo com o porto da eternidade


CJJ

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