Pages

sábado, 24 de novembro de 2018

ACELDAMA

ACELDAMA


Dos gritos salpicados de dor e seus refluxos
Nas sebes e a causa de tantas feridas e dissabores
Como as curvas celestes que entoam as dores
Nesse campo de túmulos que entornam as flores

Comprado por preço de tantas lamentações
Que do sagrado feito era a entrega fatal
Como o sol que se esconde entre as colinas frias
As lapides sequestram cadáveres da luz do dia

Que campo santo e as jóias das noites de verão
Estrelas brilhantes gravadas nesse estranho sertão
Onde repousam as saudades de tantos entes queridos
Outros pobres anônimos que sairão feridos da vida

Num relâmpago e as cores retumbantes na tempestade
No calabouço desses sepulcros em terra alheia
Como a arte da fatalidade nos mares de areia
O campo de Aceldama se faz fluir as rosas soberbas

Pois desses cantos onde tudo mais floresce
Os vasos de flores silvestres e a pisada humana
Como chuva que aquece o pó e faz a lama
Assim tal campo é a paisagem dos mortos

Que dessas searas silenciosas se afogueiam castiçais
Como a relva ferida que pra palha vai em paz
Assim nesse campo em que a pobreza tanto bendiga
Depois do martírio algoz até a morte se faz amiga...


Clavio J. Jacinto

0 comentários:

Postar um comentário