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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O FIM DE UMA ERA


O FIM DE UMA ERA

Vêm sobre a nossa noite as teias das trevas
Que do medo é a fiação das vestes de todos os sustos
Com cheiro de citronela e aroma de lavanda
Aos tímpanos feridos de gritos sufocados
Nas vozes de tantos lamentos eu não me calo
Nas danças secretas das samambaias
Movidas pelas brisas do vento marinho
No sândalo sangrando depois da meia noite
A lua revestida de vestidos de nevoas
Tais murmúrios que das sagas das estepes
No perfume do pinho e ramos de ciprestes
Ai dos cravos desalmados nessa  turva turba
As gentes ressoam choros na purpurina
Como se os rios de canforas escorressem pelas arestas
Onde a vida dos homens coleciona cicatrizes
No âmbar e a luz da tarde e suas matizes
Que venha a doce e tão esperada aurora
Pois a batalha é finda e as loucuras cessarão
O cinamomo salpica o muro das lamentações
O gemido terrível do heliotrópio já ouvimos
Dessas batalhas enfurecidas como furações
Represam na praia sem corpo, os ossos quebrados
E quando o fim do mundo chegou aos moinhos
Homens descalços gritam todas as lamentações
Como um Jeremias que carrega o fardo dos prantos
Num ninho de farpas e espinhos tão profundos
Escrevem os anjos nos pergaminhos: (É o fim do mundo)


Clavio J. Jacinto

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