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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Batalha de Somme



Abismos abertos na terra da poeira faminta
Esconderijo dos olhos que moldam o medo
Tiros aguardam em replicas de giros do mundo
Que dos colossais estrondos repetem os trovões

Os corpos caem! os corpos caem! beijos na lama
Projeteis ressoam e penetram na carne
Quais espinhos de aço que se libertam dos ramos
Atravessam a farda para descansar na carne fraca

Almas formatadas no estouro das novas armas
Retumbantes ecos na agonia da fome da morte
Contam as gotas desse suor que tinge o sangue
Os "ais da repulsa na aurora de tantas feridas

A terra bebe o sangue num luto embriagado
Tantos braços carcomidos no caos dos disparos
Tias bocejos de faces que osculam a surpresa
Das carcaças tremulas que se entregam ao ar

Nesse mar de corpos inertes e tantas farturas
De gemidos que se apegam as línguas da fumaça
Deixe que a história escreve tão grande tragedia
Tais catástrofes sinistras que espantam as traças.

Que das covas saem essas novas calamidades
Das viúvas que perderam entre seus companheiros
A dama intrépida dessa tão terrível saudade
Pois da perda de uma metade, perde-se algo inteiro...

Clavio J. Jacinto

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