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sábado, 23 de maio de 2020

RESSURREIÇÃO DAS FLORES

RESSURREIÇÃO DAS FLORES

Carcaças vegetais adormecidas
Na aridez de ramos secos e espinhosos
Pontas de dardos cortantes
Enfeites de coroas de vergonha
Laminas que devoram a carne frágil
A sequidão de uma visão inóspita
E a chuva cai em tormentos de choros celestes
Irrigando os campos e campinas agrestes
Nos charcos de lama da terra morta
As águas dantescas em arroios de terracota
O barro humano suspira o frescor
E a primavera quebra os grilhões
Nesses vendavais de inverno e turbulências
O espinheiro oferece a beleza das rosas
E eu pobre mendigo dos olhos
Aprendi a não julgar espinhos pelas aparências

(Clavio J. Jacinto)

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