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quarta-feira, 13 de maio de 2020

MARCHA SANGRENTA




Quando caem as folhas no começo do inverno
Como asas partidas da estação que voa embora
Nos jardins desfloram rosas que choram orvalhos
Nos prados choram lírios que desbotam ventos

Quais chagas enlutadas de dores fecundas
Que frutificam amargas gotas de suores trópicos
Nas férteis plagas desses dilúvios de dores
A alma flutua nas turbulências desse caos

As torrentes de essências jorram aromas
Os olhos lacrimais dessa noite de lua acesa
Nos lagos estão atados as fabulas de tais poemas
A vida segue rente ao plácido dilema

Quando imprime o selo dessas ventanias
No chão desse coração cárcere tão frio
Ai de mim que me arrasto nessas celas vazias
Onde os vasos são sepulturas de flores

Toda a erva que rasteja na face da terra
Canta celebre ao tom de minhas amarguras
Para que irrigue o baldio de meus pensamentos
Para tentar germinar toda esperança

E eu dando as mãos a todos sofredores
Faço junção ao grito de todas as calamidades
Na certeza de consolo a todas nossas dores
Descanso na promessa das sublimes verdades

E sendo agora um dentro dessa multidão
Desses que gemem no cume de tantas agonias
Buscando sorver da graça dentro do coração
Ressurgindo forte dessa estação morta e fria

Marchando dentro desses fortes vendavais
Uma lâmpada vital em tão densa escuridão
Fortalecendo a alma toda ainda mais
Crendo firme que a fé jamais será em vão

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