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quarta-feira, 11 de abril de 2018

AS MÃOS DO MESTRE

Ele lavou os pés encardidos
A imagem radical de um servo quebrado
Um lampada acesa no cenáculo vazio
Fogo de humildade em corações frios
Desde a jornada cantou a graça
De ser serviçal na terra de escravos
Ofegante poeira que era o molde
A matriz de cada ser nos bosques brancos
Como da eira vem seus perfumes
As mãos fortes esfregavam a sujeira
Maior aquela impregnada no coração
Teria que ser tirada com a própria vida
Ah esses caminhos de nodoas pueris
Beijam os pés de homens manchados
Como a erva morta vem osculando a terra
O homem apaixona-se tragicamente
 Pelas vaidades da vida
Eis porque na via do quebrantamento
Desce os degraus aquelas mãos 
Escudo das estrelas
Muralha dos fracos
Esfregam as maculas de pés perdidos
Amarrados pela dor do mundo
Sentenciados pelas agressões de Adão
Eu descanso no invisível do ocaso
Refletindo sobre tão piedosas mãos
Que da sujeira de pés nojentos
Esfregou por voluntaria escravidão
Depois de cena tão dramática
Entregou-se a violencia dos pregos
Perfuradas foram as mãos por causa
Dos meus pecados mais abomináveis.

Clavio J. Jacinto


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