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sábado, 24 de dezembro de 2016

O Fluxo das Aguas

Desde as fontes primárias eu desci
É a minha alma, como águas seguindo
As pedras do leito, fui ferindo
Vou de encontro ao tão infinito mar

Como ponteiro de relógio antigo
Que no tempo mergulha e desliza
Vai meu ser sensorial fluindo
Um rumo aberto, viagem sem fim

Caindo vou em foz e lagos siderais
Seguindo aos vales, pântanos e o lodo
Sufoco na irrigação da terra tórrida
Mas as nuvens resgatam minha alma

Ah! no cume do céu, vou flutuando e feliz
O mundo inteiro parece tão distante
Nas alturas, pareço ser Ícaro sem cera
Até que um trovão agudo tanto me assusta

Tremulo e boquiaberto, olhos arregalados
Transforma-se minha alma em pingos, eu caio
Tão veloz e violentamente pra baixo
Espatifo-me no chão, no leito do córrego, que dor!

Ali próximo, o tão vasto oceano
Com braços abertos e dor de fartura
Me suga com doçura e me beija com amor
Minha alma minuscula já é límpida imensidão

Clavio J. Jacinto

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