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sábado, 10 de dezembro de 2016

O Casulo do Pó e a Libertação


Eva sem caminho, sem ternurento jardim
Infância da civilização caída
Subúrbio da terra de ninguém
Onde está Abel? Onde está Caim?
Nesse manto de dores que é a humanidade
Nessas guerras mundiais, tantas calamidades
Nós homens, nesse casulo frio da vida
Nas entrelinhas da história narrada da dor
Nas sendas dos dissabores e as asas límpidas
De aviões caídos e borboletas perdidas
Como navegar nessa vastidão efêmera?
Somos a alma das neblinas que se dissipam
Nas prisões do tempo, no claustro do passado
Erguemos nossos sonhos e pesadelos
Tantos enigmas e o relógio não espera
Apenas aponta na direção a outras eras
Nós perdidos nesse casulo, a vida
Eva abriu o caminho do sofrimento
Nesse pérfido  caustico lamento
Adão foi, e arrastou nossos corações
Oh! prisão primaveril!
Em teus anseios, busco eu sentido
Nas vaidades de anseios doloridos
Nesse casulo misterioso e apertado
Onde vimos tantos gemidos angustiados
Abro as asas da anelante alma
Nessa pressa ferida que não se acalma
Pra sair fora dessa vasta confusão
Chorar e sorrir e depois voar
Como a semente suave e flutuante
Que se desprende exaurida da flor
Já não mais me contento nessa prisão de pó
Procuro eu alado, agora destino melhor
Num mundo sem guerras e mistérios
Mais alto, no cume das estrelas
Numa ampla e aberta janela
Onde já me esperava, a minha esperança
De braços abertos para  acolher
Meu coração breve que tanto suplicava
Saindo eu, do casulo de madeira fria
Pra beijar aquela (altíssima) Estrela vespertina
Que em tantas noites, no meu caminho refulgia


Clavio J. Jacinto



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