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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O Coração Perdido de Jonas



Tomei um navio na minha desventura
Nas orlas do mar furioso e encapelado
Pra  ir a Társis, em vão peregrinar
Tomei águas do cálice de meu ego
Nas cordas frouxas da minha opinião
Fui rente escondido a sorte  navegar

Desci ao porto, pra viagem longa
No porão de um navio desencouraçado
Pra bem longe segui remo, a sonhar
Como noite sem lua esse antro baixo
Útero do hades,  claustro de minha fuga
Em demoras longas, no oceano zarpar

Fugi da vida, a missão mais certa
Eu, sincero sonambulo num saco de linho
Um ébrio, tonto destino e torto vagar
Nas floridas águas da tempestade turbulenta
Em sombras eternas escondi minha alma
Vou pra Társis, a madrugada a divagar

Perdi o pouco juízo que me restava
No réu esconderijo, destino sinistrado
As turbulências , nas horas vindouras da confusão
Vi  gente desesperada, o choro do amargurado
Ai! Ai! Navio a pique,  almas que se afundam

Volta! Volta! Jonas! Vai a Nínive buscar teu coração



Clavio J. Jacinto

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