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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Imago Pulvis (Imagem do Pó)



1-
Meu adorno é pó seco das campinas
Meu pão vem da alma da poeira
O trigo dourado que dorme no celeiro
Veio do seio da terra que labuta amoras

2-
Sou imagem dos grãos do barro
A  terra é a seda da minha carne nua
Sou feito de lama viva e ressequida
Deposito de todas as emoções metafisicas

3-
A terra nobre sustenta minhas raízes
Oferece flores e perfumes aos lamentos meus
Sou fraco mas a argila é forte
Consegue sobreviver depois de ferido pelo arado

4-
Sou mil pedaços de poeira suspensa
Como uma montanha desesperada num tremor
Meu coração bate forte na face dos tijolos
Um tremor de medo, dentro de mim, um terremoto.

Clavio J. Jacinto

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