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sábado, 27 de abril de 2019

Em Esperança


Olhando para si mesmo, de nós nada esperamos
Como Abraão amortecido, a fonte da vida estava seca
Olhando para a fraqueza da sua esposa
Não pode florescer as rosas no tumulo rigoroso da morte

O tempo nocauteia todos os vigores
A força da entropia tudo faz perecer na fragilidade
Como um respirar que cessa na insuficiência das ânsias
Assim pobre é o homem que espera de si mesmo

As flâmulas que desabrocham também se apagam
A vista que enxerga o horizonte se escurece
Todas as noites nascem num dia só
Quando o homem fenece sem crer no amanhã

Como crer sem direção que se enxergue?
Não foi Abraão por uma direção que traçava o mistério?
Mais em tudo seus passos prosseguiram seguros
Porque a promessa vinha de um Trono Soberano

Nos seus atos havia uma certeza
E em ternura creu de todo coração
Pois da luz da fé vem a firmeza de todas as convicções
É necessário que assim seja, para torna-se inabalável

Pois o dia do fim da vida chega
Como uma neblina que assusta com a glória da luz
Mas o dissipara da nevoa não for um confronto
Sob a madrugada repousa todas as incertezas

Crer com esperança sem esperança em vista
É aceitar que o verme rasteja e depois voa
As nuvens escuras trazem as gotas que formam o arco-íris
O fim da vida também pode ser começo da vida sem fim




Clavio J. Jacinto

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