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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Cravo e Canela

 


Cravo e Canela

 

É tarde furtiva nos campos

O sol caiu sonolento por trás das montanhas

As estrelas dançam ao tocarem as nuvens

Fagulhas incendiarias da noite triste

Como se cada morte afogasse as ilusões

Cada suspiro de transcendência biológica

Levasse todos os sonhos embrulhados na dor

Ouço o soluço de um ancião e flanelas

No campo minado, cravo e canela

Essa loucura da sintonia de alegrias e tristezas

Síntese de amores e dores

A primavera e suas raras belezas

A loucura sinistra das batalhas

No jardim de infância uma criança sorrindo

Da janela do leito do hospital vai surgindo

Um moribundo que olha em nívea luz

É o momento da sua árida cruz

O infante pula vivendo

O enfermo enxerga a si mesmo morrendo.



C. J. Jacinto

 

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