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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Cais de Uma Gota Solitária






Cais de Uma Gota Solitária

(I)
Vi ao longe em austeros passos pela via entre as sombras da taciturnidade desses lençóis de sorrisos sólidos de face rubra enegrecida, pobre andarilho, na fenda da vida, chagas abertas pela miséria, andar cansado pelo fardo dos anos, um mendigo...
(II)
Corri a até  o consueto das almas falidas, num azafama, a tortura de um grito, nesses lenitivos pródigos, onde as chagas  flutuantes mergulhadas em oceanos de lagrimas de jeremiadas, vastos gemidos como se a orbita do coração se deslocasse ao fim do mundo...
(III)
E em terminais de  tristezas em colossais suspiros cravados numa gota de águas emocionais, vi minha pobre esperança naufragando nos passos daquele homem que percorria a estrada sem destino, entre as clãs  e o bordão do desespero...
(IV)
Que as áureas flamas dessas tardes ensolaradas, testemunharam meus anseios e com as suturas que  tentei colocar no lugar, cada parte de meu coração despedaçado pelo que vi, e como Nietzsche chorou por um equino, eu chorei por um mendigo, até despertar do pesadelo e descobrir que ele era eu mesmo...
(V)
E das camadas tênues de todos os meus clamores, quando a ânsia por uma migalha rubra de pão limpo do bolor vociferava  fugidia da avareza humana, nos despenhadeiros de meu orgulho, quando cedia um pão inteiro aquele pobre homem, na verdade estava saciando a minha própria fome...

Clavio J. Jacinto


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