Cais de Uma Gota Solitária
(I)
Vi ao longe em austeros passos pela
via entre as sombras da taciturnidade desses lençóis de sorrisos sólidos de
face rubra enegrecida, pobre andarilho, na fenda da vida, chagas abertas pela miséria,
andar cansado pelo fardo dos anos, um mendigo...
(II)
Corri a até o consueto das almas falidas, num azafama, a
tortura de um grito, nesses lenitivos pródigos, onde as chagas flutuantes mergulhadas em oceanos de lagrimas
de jeremiadas, vastos gemidos como se a orbita do coração se deslocasse ao fim
do mundo...
(III)
E em terminais de tristezas em colossais suspiros cravados numa
gota de águas emocionais, vi minha pobre esperança naufragando nos passos
daquele homem que percorria a estrada sem destino, entre as clãs e o bordão do desespero...
(IV)
Que as áureas flamas dessas tardes
ensolaradas, testemunharam meus anseios e com as suturas que tentei colocar no lugar, cada parte de meu
coração despedaçado pelo que vi, e como Nietzsche chorou por um equino, eu
chorei por um mendigo, até despertar do pesadelo e descobrir que ele era eu
mesmo...
(V)
E das camadas tênues de todos os meus
clamores, quando a ânsia por uma migalha rubra de pão limpo do bolor vociferava fugidia da avareza humana, nos despenhadeiros
de meu orgulho, quando cedia um pão inteiro aquele pobre homem, na verdade estava
saciando a minha própria fome...
Clavio J. Jacinto
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