(I)
Quem me dera
minha alma subisse aos Alpes das luzes, tal qual águia dourada em olhos flamejantes,
deslizasse pelos ossos do cosmos. Na vinha dessas cordas imaginarias, teceria
uma canção e correndo nas aspirações nasais, tangeria a mais linda canção com o
fogo cuspido de Io...
(II)
As flores
garbosas no barro dançam ao mover-se desse vento polar que congela o tempo e eu
apenas de alma ríspida, contemplo as constelações que permanecem fixas no suave
silencio desse universo delirante aos meus olhos, e se há pulsares por trás de
nebulosas, meu coração apenas segue o ritmo do infinito...
(III)
As nuvens
que precipitam a glória branda da luminescência, quais faróis de vagalumes na
noite sem fim, se ao som das ondas da praia me aconchego na noite harmônica dessa
eufônica viagem visionaria, tal êxtase é um perfume espiritual, o arômata celeste e suas
radiantes auras em refulgências visuais de encantos perenes, perece meu coração
em retumbante barulho infernal...
(IV)
Por trás de mim,
bem abaixo das estrelas, do pó do abismo ricocheteiam balas perdidas e ferem
meu encanto noturno, eu desperto de meus sonhos lúcidos e naufrago no susto dos
meus pensamentos nessa tenebrosa tristeza bem próximo do desafortunado e
horrendo bramido de pelejas...
(V)
E por um
breve instante quebram-se os vitrais das catedrais cósmicas, e nos estilhaços,
a minha alma fica cheia de chagas, e sem espada agonizo nas desilusões do mundo,
e quando os olhos beijam a intimidade do pó e minha narina sente o odor do
enxofre queimado da pólvora que vem numa assombrada fumaça negra, percebo que me
tornei mais uma vitima fatal das guerras que se perpetuam na terra...
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