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terça-feira, 17 de setembro de 2019

The Orion Nebula





(I)
Quem me dera minha alma subisse aos Alpes das luzes, tal qual águia dourada em olhos flamejantes, deslizasse pelos ossos do cosmos. Na vinha dessas cordas imaginarias, teceria uma canção e correndo nas aspirações nasais, tangeria a mais linda canção com o fogo cuspido de Io...
(II)
As flores garbosas no barro dançam ao mover-se desse vento polar que congela o tempo e eu apenas de alma ríspida, contemplo as constelações que permanecem fixas no suave silencio desse universo delirante aos meus olhos, e se há pulsares por trás de nebulosas, meu coração apenas segue o ritmo do infinito...
(III)
As nuvens que precipitam a glória branda da luminescência, quais faróis de vagalumes na noite sem fim, se ao som das ondas da praia me aconchego na noite harmônica dessa eufônica viagem visionaria, tal êxtase é um perfume  espiritual, o arômata celeste e suas radiantes auras em refulgências visuais de encantos perenes, perece meu coração em retumbante barulho infernal...
(IV)
Por trás de mim, bem abaixo das estrelas, do pó do abismo ricocheteiam balas perdidas e ferem meu encanto noturno, eu desperto de meus sonhos lúcidos e naufrago no susto dos meus pensamentos nessa tenebrosa tristeza bem próximo do desafortunado e horrendo bramido de pelejas...
(V)
E por um breve instante quebram-se os vitrais das catedrais cósmicas, e nos estilhaços, a minha alma fica cheia de chagas, e sem espada agonizo nas desilusões do mundo, e quando os olhos beijam a intimidade do pó e minha narina sente o odor do enxofre queimado da pólvora que vem numa assombrada fumaça negra, percebo que me tornei mais uma vitima fatal das guerras que se perpetuam na terra...




 Clavio J. Jacinto
















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