Infausta Nostalgia
Deixe-me falar do verossímil temor de minha alma
Sou infausto ser na terra de Adão
Meu irmão Abel morreu e Caim desapareceu
Nas andanças da terra sem átrios
Nos pórticos glaciais que adormeceram em Bering
Onde meus antepassados atravessaram descalços
Do círculo ártico as flores pisadas feneceram
Depois de póstumos ciclos chegaram todos nus
Nas guerras uns caíram
nos vícios, outros.
Eu debalde aqui cheguei sem avisar
De sórdidos trapos aqui estou em angustias
Nostalgia que floresce no fim do mundo
Quem deveras tormenta após aurora me iluminou
Na lama atônito vi meu próprio reflexo
Achei o susto dentro de mim adormecido
E no asco desse aspecto de coração arruinado
Gritei bem alto até os confins do Calvário
Para que sentisse a absorvência de minha alma
Achasse nesse firme assentamento de esperança
Um perdão que pudesse limpar meu coração
De tão profunda e maldita miséria
Que me escravizou enquanto me iludia
Com as rosas falsas de minha retorcida bondade.
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