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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O Susto do dia D




O Susto do dia D

Por esse manto de areia estranha
Segue o destino da ceifa e a guerra
A existência de solitárias mortes
Águas azuis como pétalas descarrilhadas
Pedras negras polidas e tão solitárias
Fundamentos das montanhas de fumaça
Eu debruço e choro a dor da batalha
O índigo cadáver de uma virtude
Tão morta em si mesma que tanto assusta
O dia D, cânticos sinistros dos canhões
Sagrando e tingindo a areia de vermelho
Eu debruço nas pedras e grito meus “ais”
Chorando e cantando minhas dores feridas
O verde cadáver de um ultimo sonho
Ceifado no clarão da aurora granada
Por esses lenços granulados da areia
O tempo movediço sepulta ilusões
Que espetáculo são os tiros impios
Relâmpagos atrozes da terra aos céus
Soldados fortes caem corados de fraqueza
Levando consigo sonhos e saudades
Na tão fria areia da praia que foge
Nas placidas gotas de orvalho desesperado
Lá onde o amor ainda vivo
Luta pra não dar o ultimo suspiro
Eu debruço na lamina da dor
Pra chorar por minha pobre alma partida



Clavio J. Jacinto

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