O Cerco de Leningrado
Cercam-me essas hordas feias e noturnas
Filhos de Ahnenerbes com suas foices afiadas
Espanto-me ao lamurio da ingrata fome nua
Quão brava é a noite que faz a neve polida
Águas que caem no prelúdio de meus sustos
Até me envelhecer nesse cansaço, espero
Nas ruas despovoadas, trilham esses grilhões
Nos muros dessa fúria, em fuga, me escondo
Meu medo é que a fome não se assuste
Adormeço, no leito das nevoas em vastidão
Para escrever em sonhos esse pesadelo frio
Até me envelhecer de
cansaço, espero
Quanto mais bombas chovem nesse torvelinho
Entre fumaças e fuligem dos choros, eu grito
Vem o surdo inverno, apregoa aos legionários ilegítimos
Como fugir dos ferros
de uma algema congelada
Pois eu mesmo não consigo rir de tristeza
Até me envelhecer de
cansaço, espero
Fujam soldados frugais, vão embora pra longe.
No instante de mil desesperos de minha fraca fome
Sou eu, fantasmagórico ser partido por falta de pão.
Eu mesmo, num ato sóbrio de desarmar a alma.
Para que o ódio não amordace meu fraco amor
Até o cansaço envelheceu, fui embora, os soldados ficaram.
Clavio J. Jacinto
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