I
Vi parte de mim mesmo partindo
Imagens sonâmbulas se foram
Sem uma formal despendida compassiva
Seguiram na queda escoando no portal do tempo
Eram minhas folhas do livro dos
sonhos
Rasgaram-se no desatino da vida
II
Os ventos sopram nos trigais maduros
As grades de meus ânimos se
despedaçaram
O aço do arado rasgou a minha terra
A gaiola que prendia minhas idéias rompeu-se
Que trágico abandono de mim mesmo
Flutuam como fragmentos de nuvens
coradas
Diluindo as espécies em consumação
cósmica
Longe da aureola azul ultramar de
meus sorrisos
III
Nessa combustão que trepida na
casualidade
Ouvi meus gemidos sonhos nas sombras
Esse vale polar que agasalha imagens mentais
Abrigo dos fractais dissolvidos nessa
libertação
Dentro de mim, o gemido anestesiado
dos pêsames
Eu derramado no solido chão das ervas
rasteiras
IV
Quão sutil é essa primavera
divorciada das flores
Pórtico que engole as saudades e desencantos
O tumulo vivo de minhas ilusões
mortas
Acolhidas nas canções desses
nostálgicos lamentos
Nesse sacrário sem paredes dantescas,
clamarei
“Voltem meus sonhos, voltem!”
Devolvam o cubo que envolve meus
rogos
Quero que a terra cárdia seja exílio
de meus sonhos.
(CLAVIO J. JACINTO)
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