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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O EXILIO DE MEUS SONHOS




I
Vi parte de mim mesmo partindo
Imagens sonâmbulas se foram
Sem uma formal despendida compassiva
Seguiram na  queda escoando no portal do tempo
Eram minhas folhas do livro dos sonhos
Rasgaram-se no desatino da vida
II
Os ventos sopram nos trigais maduros
As grades de meus ânimos se despedaçaram
O aço do arado rasgou a minha terra
A gaiola que prendia minhas idéias rompeu-se
Que trágico abandono de mim mesmo
Flutuam como fragmentos de nuvens coradas
Diluindo as espécies em consumação cósmica
Longe da aureola azul ultramar de meus sorrisos
III
Nessa combustão que trepida na casualidade
Ouvi meus gemidos sonhos nas sombras
Esse vale  polar que agasalha imagens mentais
Abrigo dos fractais dissolvidos nessa libertação
Dentro de mim, o gemido anestesiado dos pêsames
Eu derramado no solido chão das ervas rasteiras
IV
Quão sutil é essa primavera divorciada das flores
Pórtico que engole as saudades e desencantos
O tumulo vivo de minhas ilusões mortas
Acolhidas nas canções desses nostálgicos lamentos
Nesse sacrário sem paredes dantescas, clamarei
“Voltem meus sonhos, voltem!”
Devolvam o cubo que envolve meus rogos
Quero que a terra cárdia seja exílio de meus sonhos.

(CLAVIO J. JACINTO)




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