Insólito
Quando nas copiosas mágoas de minhas dálias
Do luar afresco desse orvalho á
efusão
Dos mais frondosos pés descalços das
sandálias
Vi a penumbra inócua dessa tão bela
fruição
Fui esse descalço pálido nas terras áridas
Das orlas de pântanos e aromas de framboesas
Da noite nebulosa de sombras tão pálidas
Como vaso arcaico na inércia fria do
cume da mesa
Num susto que congela esse âmago
da espinha
Eu, burlesco nesse dantesco e sôfrego
tédio
Debruçado em palhas, espinhos e
debulhadas pinhas
Na compleição do medo nesse infeliz
assedio
Olhei meu reflexo em turva e prava lagoa
Que das vísceras flui tão desdita
revelação
Pois é na noite nua que naufraga á
proa
Bateu deslustre em afago meu pobre
coração
Quais sopros rebeldes foram ao bojo
fugindo
No albergue longínquo que tão feroz se ufana
Em horizontes distantes fui só etéreo
sumindo
Gritos nasais que pra fora de mim
loquaz derrama
Nessa austeridade tempestuosa então
cheguei
Visão seca da minha alma que flutua
mais vazia
Em que tais prantos debulhados me
afoguei
Vento insólita alma que de meu pranto
fugia
Caindo no vácuo berço efêmero dos
parcos escombros
Das trincheiras rasas de minha breve expectação
Qual meu espanto germinando tão pertinaz
assombro
Uma emanação florida alumbra o crepúsculo
do coração
Clavio J. Jacinto
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