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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

(A Transcendência da Vida Comum)




I-
Cantam os pássaros ao entardecer
Lírios desabrocham na beira do córrego
O verde da mata é abrigo de minhas inspirações
Eu descanso meus anseios
No refrigério de fim de dia

II-
Canta o sabiá e minha alma navega nas nuvens
Elas são os palácios de meus eternos sonhos
Eis que os frutos já adoçaram no pomar
Abrem-se os benditos sorrisos do coração
Tantas folhas de relvas aguardam o aguaceiro
As ervas floridas desabrocham na margem do caminho
Eu careço do sereno que cai todas as noites
Pois minha alma simples agoniza por refrigério

III-
As esmeraldas das florestas são tapetes úmidos
Imagens preciosas que multiplicam o esplendor
A natureza enriquece e enche o coração do belo
Acende-se a glória da contemplação do sublime

IV-
As folhas que desprendem  flutuam e repousam
Protegem a terra do arado de meus pés
O solo que me sustenta é o canteiro das chuvas
Jardim que acolhe minhas angustias e alegrias

V-
Não há palavras depois do êxtase melifico
A emoção da emancipação do nosso interior
Porque em tudo o que se faz extraordinário
A linguagem humana limita-se ao silencio da expressão.


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