Da montanha purpura um asco assombra o passado
Soldados em coração frios, lançam a saliva do ódio
Fazem de Nanquim vagos sepulcros a céu aberto
Os anjos tristes não podem apagar essa dor
As gravidas comem o
pão da espada afiada
Tomam do halito negro da estupidez humana
Os infantes quebrados
cantam ao sepulcros esfomeados
Os anjos tristes já não podem apagar essa dor
A tinta que escrevemos
esses gemidos é o sangue das feridas
As paginas escritas são essas ações cruéis de homens infames
Onde a erva rasteira da loucura se alastra em violências vis
O veneno de seu fruto abominável, tudo vai maculando
Como quebrar o encanto dessas duras abominações?
Sei eu, que os anjos
tristes não podem apagar essa dor
A maldade tece o eterno dia muito mais feio e escuro
Nas ruas de Nanquim, os choros não serviram escudo protetor
O lilás celeste rompeu-se na indignidade humana
O enxofre do coração
lambe em fogo, a mente humana
É mais feroz esse tal monstro feito de homem
O veneno do seu fruto tudo vai em violência, maculando
Cada coração que abandona o amor, abraça o abismo
Ai de nós, vimos o semelhante ser despido da própria dignidade
Aqueles que ceifaram as vidas em Nanquim, sorriram
Mas os anjos tristes não puderam apagar essa dor
A história macula a eternidade dos corações malignos
O juízo não é um silencio colorido pós morte
O universo terá ânsias de vômitos, das almas negras
Cada ato indigno ecoará para sempre na existência humana.
Poema em memoria de todos os chineses que morreram vitimas
do massacre de Nanquim ocorrido entre os anos de 1937 e 1938.
Clavio J. Jacinto
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