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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O Outro Lado do Paraíso


O Outro Lado do Paraíso

Em tempos de sonhos o belo se expande
Como as rosas que desabrocham no jardim
Quais gritos poéticos e os clamores de amor
São os vigores do dia novo  do esplendor

Quais cais de pedras se apegam as muitas águas
Pois do céu a brisa nos entrega o frescor
Que do esplêndido norte brilha a mais linda estrela
Que alumia a alma e alivia a minha  dor

Das entranhas da terra fria vigora o gérmen do fruto
Que das caladas do silencio entrega a doçura
Vem dos átrios do outono as mais robustas cerejas
Que lampejam brilhos do sol da manhã em brandura

Se a vida seguisse esse rumo seria tão linda
Que paraíso de vastos sombreiros sobre a pura terra
Mas o encanto do sonho é quebrado
Por todas as aflições que nos declaram guerra...

Clavio J. Jacinto






segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Caminho



O grande desvio do coração que busca
É olhar para dentro de si tentando encontrar Deus
Pois ao fazer isso, Ele se desvia da verdade
Que é Cristo
Pois foi Ele quem disse
"Eu sou o Caminho, ninguém vem ao Pai
                                            A Não por Mim"



Clavio J. Jacinto

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O Perfumista


O Perfumista

Que as flores possam transcender as estações
Não apenas as cores racionais, mas  intima sensibilidade
A dimensão do belo é além das imagens
Muito além da noite, adormece a aurora
Mas o despertar é o germinar da paciente espera
Não há primaveras sem terras feridas pelo frio
Das  tempestades caem  furiosas  águas celestes
Mas o campo não é irrigado se elas não caírem
Assim as flores transcendem as campinas
Elas inspiram os poetas
São pintadas em aquarelas
E o perfumista não se conforma com a beleza delas
E aprisiona em cristais os seus perfumes




Clavio J. Jacinto

Caminho sem Lagrimas





Quando as flores desabrocharem no jardim do coração
Quem me dará as rosas para colorir os ermos da vida?
Passo pelas ruas da humanidade desse inverno colossal
Sem prismas e arco-íris, pois jazem  na areia sedentária

Sem comportas, as estações se prendem nos sonhos
Os palácios da noite não tangem as cordas do orvalho
Que infértil deserto,  esses cantões se amor
Monturos de aços retorcidos dos gritos dos canhões

Eu me arrependo da falta de esperança e coragem
Percorri  tantos caminhos de mãos vazias
Poderia ter semeado muito mais sementes de amor
Mas não quis, porque não tinhas lagrimas para regar...


Clavio J. Jacinto


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Esperança e Amor


Esperança e Amor


Oh! Que densa escuridão é a jornada da vida
Se o amor não desperta logo nos primeiros passos da vida
Melhor é voltar-se para as centelhas da esperança
Do que prosseguir pela escuridão das incertezas

Oh!  Que muro trágico é essa escuridão
Trincheiras de batalhas causticas e agonizantes
Alma abatida e sentimentos sufocados
A esperança é a única porta e o amor a única saída.

Clavio J. Jacinto



sábado, 17 de agosto de 2019

Terra de Caim






O deserto está logo aqui
Entre as areias e ventos
Num calabouço de leitos se água
Solidão inóspita

A terra de Node, outrora distante
Lugar sombrio e nebuloso
Ficou mais perto de nós
Agora se encontra no coração do homem
Cuja alma perdeu-se dentro do proprio ser



CJJ

Portões da Aurora



Por trás das nevoas se esconde o mistério
As flores nascem depois do frio
As torrentes chegam depois da aridez
Há um descanso nas sombras da noite
Porque os sonhos mais lindos encontram
Berços em corações adormecidos

Não sejamos cegos
As coisas grandes só podem ser vistas
Por olhos humildes
O belo nunca pode ser visto exteriormente
Se antes não estiver dentro do nosso coração


Clavio J. Jacinto






Civilização



Longe vejo os raios das transgressões
Numa rosa esmagada saiu a alma das cores
E o por do sol ficou completamente tinto
Como o ferro aquecido até virar arado

Ainda assim do outro lado...

Lampejos de um mundo antigo
Estradas que se apagam
Lá um homem caído geme
Nas sarjetas dessa civilização de poeiras
Procura ele uma felicidade
Nas palhas cinzentas desses sertões áridos
Mas encontra só os restolhos
As agonias da falência do próprio suor
Derramado






Clavio J. Jacinto

Tempestades





As nuvens trazem a tempestade ofegante
Derrama em torrenciais chuvas no vale
O rio torna-se inquieto, ruge e transborda
E leva a alma da tempestade para escoar no oceano
Em águas tranqüilas os trovões adormecem


Assim também quando estremece a vida
Nas obscuras calamidades de uma infausta tempestade
Meu ser se derrama em preces valentia
Na coragem de crer a minha alma descansa
No oceano da providencia divina.






Clavio J. Jacinto

Trovões Infaustos




As vozes do deserto se misturam as palhas
Arautos do engano na sórdida rua da confusão
Num intrépido jogo de faz de contas
A arte de iludir pela sublimação das palavras douradas
Como nuvens carregadas de trovões
Vazias de gotas de chuvas que irrigam os campos
Pobres clamores que entronizam o ego

Ouço essas vozes no vale da decisão
Lá tantos falsos profetas sofrem de miopia
Não enxergam a condição humana
Porque dentro deles há entulhos
O poço do coração está quebrado como vaso inútil
Pois amam os primeiros assentos da miséria humana
Desejando todas as coisas para a satisfação própria


Clavio J. Jacinto



Esconderijo dos Caídos






I

As moradas do silencio são túmulos
Em que os homens escondem as virtudes
Para viverem suas loucuras
Um dia quando a sabedoria se despertar no norte
O mundo deixará de ser um vale de batalha
Para tornar-se um campo de flores

II
Há tantas verdades nesse mundo
Sustentadas pelo orgulho da razão
Mas só a sabedoria no coração humilde
Quebra o espírito de altivez
Para fazer florescer a crença pura
E o desejo altruísta.



Clavio J. Jacinto

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Caminho das Aflições


Se por um momento te sentires solitário
No coração nasce a tortura da nostalgia
Pois o passado chegou em sombras da memoria
Num relance opaco  na dor que jazia

Dos gemidos também nascem esperança
Assim como das lagrimas se semeia coragem
Pois dos fortes, vertem tantos mais os prantos
Pra que o coração florido sinta aragem

Se na margem da vida caem as cicatrizes
Como pétalas de dores que a solidão traz
Colha as horas desse silencio mas profundo
Para desse vale comeres o fruto da doce paz

Porque das feridas que avida nos envia
Mesmo que tudo seja contra a nossa vontade
O arado da existência corta a nossa alma fria
Para semear no pranto as mais puras verdades

É que a vida é feita de lagrimas e risos
De aflições constantes e também felicidades
Mas do agridoce tom desse misterioso paradoxo
O que vale mais é viver a vida de verdade..


Clavio J. Jacinto

sábado, 10 de agosto de 2019

Cálices de Papel



Cálices de Papel


Mundo negligente em chamas
Agonia dos suplícios da Babilônia
Que vozes de algozes ouço
A infâmia ferindo os mercadores
Desde que a falácia do ego reinou
A razão deificou a si mesma
Erguei-se e caiu infestada de desavenças
Nos opróbrios de monumentos quebrados
Outrora erguidos no reinado da falência.

Quanto vinho tóxico sorveu o mundo
Nas entranhas rebeldes das pústulas da ignorância
Com a escuridão reflete o anelo das maldições
Da fumaça estonteante da terra ao céu
Rompeu-se nas barganhas da triste alma
Esses contaminados odres de papel


Clavio J. Jacinto

(Alma das Cicatrizes)




(Alma das Cicatrizes)



(I)
Pelas fendas feridas da alma
Podem  vazar todas as virtudes de um moribundo
Mas quando o perdão fecha as fendas das ofensas
A cura deixa a cicatriz como sulco
Onde a semente do amor germina
Para que no alivio da consciência
Desabroche a primavera da felicidade

(II)
Quem me dera que todos os homens fossem como o mar
Que na quebra de cada onda na praia
No constante romper com os confrontos da areia
Ainda assim consegue manter-se um mar por inteiro






Clavio J. Jacinto

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Retorno ao Mar da Tranqüilidade

Retorno ao Mar da Tranqüilidade

Que deveras fosse eu, minha alma límpida
Como o limiar das estrelas
Que convergem todas em sonhos
Nos vagos tempos que escoam pelo universo
No silencio da noite
Com as vagas distancias que unem
A ressonância
Quando das épicas madrugadas
O coração desconsolado
Encontra as vias do amor em que se refaz
Mos pavimentos das saudades
Que monotonia!
Ainda assim a solidão pode nos fazer feliz
Que do mar da tranqüilidade vem
As nevoas e todas suas peripécias
De esconder meus olhos fugidios
Das flores do amanhecer
Pois em vigilância acordo nessas conspirações
Anelo de volta  a noite
O vento noturno e suas bases que adormecem
Nas montanhas e nos campos silvestres
Mas no firmamento desabrocham estrelas
Astros ainda mais cintilantes
Que percorrem dentro do infinito de meus sorrisos
Um breve descanso tranqüilo.

Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Partida Ordinaria



Se percorreres a vida em procura da sabedoria
Corre pois pras estrelas mais singelas do frio
Onde as escarpadas do escuro são degraus
Onde a imaginação do coração pode chegar

Pois dos protestos de tantos incultos da vaidade
Nas paixões que protagonizam a era do medo
Mais percorrem os insultos da ignorância velada
Nas cordas vocais de insidiosos enredos.

Que na busca da sabedoria nas praças escondidas
Nas orlas do vento e das nuvens da tarde flamejante
Das clavas de um soldado que eterniza a guerra
Faz das causas dos pobres o clangor possante

Estou indo embora das bençãos da vida vou cedo
Com sempiterna saudade dos dias percorridos
Depois de deslizar no gelo da alheia indiferença
Fui veloz para a terra junta de todos esquecidos...

Clavio J. Jacinto

Prisioneiro do Tempo



Nas cordas do inverno me amarro
Sou prisioneiro desse frio congelante
Coração cálido e duro como diamante

Lábios amordaçados nessa ânsia eu corro
Preso na geada e nesse véu turbante
Enrijecido no vento sul que é tão constante

Eu com os olhos o norte todo percorro
Num caudaloso grito mais possante
É  a dor da saudade que quebra meu instante

Pra primavera das flores peço socorro
Pra sair dessa angustia passageira e dominante
Apenas pra viver o normal da vida de antes.


Clavio J. Jacinto

Ignição


Ignição

Da insonia dessa mar de silêncios ofegante
Nas tremulas praias de ondas musicais e sonidos
De repente aquela chama ígnea no coração
Um relâmpago que vem do passado

E eu me encontro paralisado e constante
Num relapso de mil imagens paralelas e alheias
Flutuando em tantas lembranças da minha vida
Num caudaloso montante de intensas saudades.

Haverá dose mais brutal de tantos colapsos?
Quando nessas flores rosáceas de risos abundantes
Minha alma se contorce com os espinhos mais cruéis
É  nos gemidos desse sufoco que me pranteio

E dos eflúvios de torrenciais lagrimas e calafrios
Todas as chamas desses crepúsculos se apagam
E na volta ao tempo presente quando a musica cessa
Encontro-me novamente na noite de meu presente



Clavio J. Jacinto


quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Holocausto

 Ao longe terra sem fundo
Gritos e odores de medos tenazes
Das pálpebras dos horrores tais vértices
Como lírios prantos em decimas colunas e vales

Lá vejo tantas pétalas levadas ao vento
Como raios de vulcões celestes
A voz do incrédulo que jorrava praias e gritos
"Onde estava Deus quando ocorria o holocausto?"


Tal qual suave voz e me espanto
Entre nevoas de mais singela nuvem do tamanho
Da mão de um homem. Eis que afirmava
"Quem estava lá eram somente os homens..."


Clavio J. Jacinto

Póstumas Vozes

Os campos regem trovões sinfônicos
Gritos de oprimidos nos pomares das balas perdidas
Ali entre os pedregais vi moças chorando
Quais lençóis feridos por relâmpagos furiosos

Uma delas dizia em colossais espantos
Em letras tingidas em sórdidos desencantos
Um copo de lagrimas e coisas incomuns
Somos nós: as viúvas de Stalingrado.


Clavio J. Jacinto

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Solitario

 Quem pois quiser piedoso e amigo de Deus, passando por esse mundo segue solitário, no caminho silencioso, onde as estrelas alumiam os passos firmes daqueles poucos que não seguem a multidão...



Clavio J. Jacinto

Campo de Estrelas

Campo de Estrelas

Que severa noite que aviva o frio
Entre geadas orvalhos e lagrimas de fetos
Numa travessia da madrugada ardilosa
Sob ares nostálgicos e buque de flores

Ali está a inercia de um pobre corpo
Na imensidão cósmica de soluções e silêncios
No aparato de horas noturnas que escoam
Sob os braços da escuridão que não aplaude

Severa é essa foz de todas as ausências
Nas vastas campinas escondida nos pedregais
Que do alto as estrelas da noite mais brilham
Num incensário de luzes frias e monótonas

Quais lapides que em misteriosas masmorras
Quando distantes sois brilham na escuridão
A vida da fonte que o tempo mais jorra
Apagou-se o pulso forte nessa pia vastidão

Oh! que mais belas luzes tão celestes
Aqui nesse mundo tantos obituários me assustam
Quão formosos são os orvalhos agrestes
Em fria geada adormeço na desconsolação


Clavio J. Jacinto

A Brevidade

 A Brevidade


Quantos ventos sopram nas pobres manhãs
Rusticas nevoas assolam a aurora
Como rubis desgastados em coroas retorcidas
Féretro da noite que ocupa o campo santo


As vinhas libertam seus aromas
Os espinhos guardam as rosas do jardineiro
De um pulsar longínquo estrela brilham
Mas as cordas da tortura amarram-nos

E que torturada é a doce alma na tristeza
Como ferro a fogo crepita de duas dores
Uma porque abrasado recebe golpes
Outra porque adormece na terra fria


Como defunto que ontem sorriu ainda vivo
Mas que cessou de olhar pras montanhas
Agora adormecido nesse pálido silencio
Aceita sem hesitar a cama de mármore.

C. J. Jacinto

A Vida Passa



A Vida Passa

Como o vento que sopra
assim é a vida
Momentos viram lembranças
Presente vira passado
Passado vira saudade

Como halito que sopra a poeira
Assim é a vida
As ações elam a memoria
As omissões viram arrependimento
O tempo cicatriza as feridas

Como um breve sopro assim é a vida
´Pessoas vem e vão embora
Uns partem e outros chegam
Dentro de nós o coração pulsa

É que assim é a vida: um sopro
Com esse vento vai nosso halito
Com os pensamentos vai nosso alento
Nós passamos, só nossas pegadas ficam.


Clavio J. Jacinto

sábado, 3 de agosto de 2019

Paragens


Clamei aos montes em alta voz
Pois dos lírios que nas chagas da terra nascem
Vejo que do perfume jaz o silencio
As nossas raras lagrimas entoam
Tristes canções desse mundo sem fim
Nas eras de meus clamores
Todos os ecos são princípios de dores

Por onde anadaria eu se não te encontrasse
Pois nas perdições sempre fugia nas ilusões
Sem átrios a alma flutuava nas paredes do nada
Entre a soberba dos vícios de desencantos
Nos turbilhões de soluços
Paginas vagas de contos sem cantos.


Desde então em um cume perto de estrelas
Adormeci na segurança desses atóis de luzes
Entre as vagas noticias de meu adeus
Pois num beijo no orvalho, eu parti
Para aquelas paragens alem das nuvens
Num toque súbito de trovões e vozes
Despertei-me para o além.



Clavio J. Jacinto

Peregrino




Peregrino e estrangeiro sou
Caminhante solitário vou
As mansões celestiais me esperam
As glorias eternas me aguardam

Peregrino e estrangeiro sou
Vivo aqui, mas não sou daqui
Do céu tenho saudade imensa
Por isso minhas pegadas são intensas

Peregrino e estrangeiro sou
No mundo de pecado não me sinto bem
Quero ir pro céu meu eterno lar
Pois com Cristo pra sempre quero estar

Senhor acalma a minha alma
Põe no meu coração a calma
Pois a hora da bendita chegada
Aqui na terra estou esperando

Quero Senhor te servir
Mesmo passando por duras aflições
Pois prometestes  comigo seguir
Mesmo em sombras de escuridão

Nas lutas da vida eu quero
Ao teu lado sempre caminhar
Pois tu és meu descanso eterno
Meu refrigério e mui doce maná


Clavio J. Jacinto