CALICE DE TODAS AS NOITES
Bebi desse cálice da noite
Para adormecer num berço de sonhos
Sonhar com a compaixão e o amor
Um pomar de cerejas e sorrisos
Mas algo estranho sonhei
Num vale escuro estava só
Entre lírios de agonias e rosas de dores
Como uma nuvem algemada no mar
Terra sem colinas, oceano sem campinas
Num terra de poeira fria e ventos
Onde algemas eram abrolhos
Outono dava luz aos espinhos
Assustada minha alma recuou
Em vulto de gritos da terra e lamentos
Na vaidade de minhas sortes inuteis
Com o coração disparado nessa condição
Mas um brado, estrondo de um eco santo
De uma voz altissonante, veio e me despertou
Entre as batidas da vida e véu rasgado
Despertei entre a estrela bendita, a alva
De sonho tristonho ao céu olhei
Real consolo de mui grande amor que ardia
De um Santo Salvador que na cruz morria
Seus braços feridos a mim se estendiam
E eu tão feliz, cantarolava
Na noite em orvalho bendito dançava
Quando pro alto a minha tremula mão, estendia
Dando graças a Deus, feliz agradecia...
Clavio J. Jacinto
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