JÓ NÃO OPTOU
PELO SUICIDIO
Eu preciso ler o
livro de Jó periodicamente, a história desse patriarca revela as profundezas da
amargura de um homem, é o limite só superado pelo Calvário. Jó ultrapassou
todas as fronteiras da amargura, bebeu todos os cálices das aflições, foi ferido
no mais profundo do seu ser, ele desceu a casa dos vermes, e fez a sua
habitação no mais desprezível monturo. Ele mesmo declarou ter fartura de
amarguras (Jó 9:18) ele reclama sentido o aço frio da dor aguda no seu
coração “Os dias da aflição se apoderaram de mim”(Jó 30:16) muitos testificaram
dele: “Sua dor era muito grande” (Jó 2:13) A provação de Jó era o ápice da dor,
o cume do sofrimento, o vale da amargura o abismo do desespero. Eu ainda ouço o
grito, o lamento e todos os gemidos de Jó, quando leio a sua história. Ele
navegou muito tempo pelo mar das lagrimas mas não naufraga nas profundezas do
desespero. Pelo contrario, ele grita “Prova-me e sairei como o ouro”(Jó 23:10).
Agora, deixe me dizer algo, mesmo convivendo lado a lado com a mais assombrosa
amargura, mesmo beijando os lábios do mais intenso tormento, mesmo convivendo
face a face com a mais terrível dor, Jó não procura o caminho do suicídio. Essa
não é a sua alternativa, na sua cosmovisão não há espaço para ela. Ele pode ter
sido tentado a isso, a esquecer Deus e render-se a morte, mas ele não permite
tal coisa. Ele trilha a senda de espinhos que perfura toda a sua alma, mas a
esperança nunca vazou pelas feridas abertas pelas tribulações que teve que
suportar. É isso! Muitos precisam ouvir isso. Diante da mais intensa escuridão
que queria se apossar da sua alma e obscurecer seu pobre coração, ele grita, no
oceano acido de todas as dores mais profundas, as suas palavras ecoaram até os
confins da plenitude dos tempos (Gálatas 4:4) “eu sei que o meu redentor vive,
e que por fim se levantará sobre a terra”(Jó 19:25). Jó espera em Deus, corre
para os braços da graça, experimenta a agridoce espiritualidade de esperança
intensa com amargura profunda, e deixa um legado: Sobrevivente de todas as
tribulações. O livro de Jó é mais que poesia, é a luz consoladora que aponta o
caminho do mais nobre heroísmo, a fervorosa convicção de uma devoção a Deus em
meio as turbulências da vida, fazem o duro aço das aflições se derreterem, e do
arado que rasga a alma humana, o Senhor semeia as mais lindas flores que
adornam a entrada do Paraíso. (Clavio J. Jacinto)
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