Sonâmbulos Orvalhos
Caindo do telhado das nuvens desamparadas, nas fendas dessa
noite de todas minhas palavras adormecidas, o orvalho vem em doce queda até
minha face corada de saudades vazias. Sou espectro nas águas geladas que
reflete as súbitas peregrinações das nuances da lua cheia.
Quem me dera às pontes de minhas lembranças cruzassem os
horizontes que ligam o presente e o passado, então abraçaria a ternura daqueles
sorrisos que nunca foram forçados, mas que vieram de um pequeno coração
inocente nas fontes da minha longínqua infância.
Mas amanheceu no meu mundo novo, sem arca e sem Noé, só o dilúvio
de todas as lembranças misturadas com angustias e essas paginas de um pergaminho
tingido de lagrimas sonâmbulas, mas que das rosas dessas tempestades, desses lírios
que nascem nos córregos, vieram as canções de meu “adeus”
Como as dores torrenciais nessa terra de
devastações, como nevoa que de espanto corre para as colinas de mil ânsias e
clamores que escoam por montanhas afora, desfaço meus lamentos , os laços
congelados desses argumentos, entro no casulo e na despedida clamo: ( vou indo
embora)
Clavio J. Jacinto
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