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terça-feira, 15 de outubro de 2019

A Criança e o Abutre


A Criança e o Abutre


Quem das ressonâncias da brandura geme?
Não é essa pacóvia mordente a imagem do pobre infante?
Ah! Que anjo puro jaz nessa tão feroz fome mordaz
Nos campestres ermos do longínquo Sudão
Nas vestes fluidas de peles plácidas desditas
Nas condolências amargas dessa reverberação
Quais vítreos flagelos nos olhos da maquina fotográfica
No porto errante dos mares do Hades a dulcitura
No grito lacerante e o abutre dos “ais” nessa tórrida agrura
E brada tal anjo que o paraíso é a brevidade
A claudicância na doçura e a náusea da fome a crueldade
Nas cordas frouxas dessa íngreme mendicância
Das calamidades do tosco jardim da inocência
Quais omissos dos palácios  surdos e dos reis cegos
A tumba com seus ossos o brado altissonante
Dos ruídos do estomago tal voz tão retumbante
Pois que os pães na mesa da fartura ainda falecem
Quando crianças boquiabertas morrem de fome.



CJJ 



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