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sábado, 27 de abril de 2019

Em Agonia


Eu olhei pela janela da vida, tristes vozes e olhares entre tantos no vai e vem dessa multidão de pessoas que se encontram em nosso meio, como as águas de uma fonte que flui e desce as montanhas ao encontro do oceano assim somos, e quase sempre escoamos entre lágrimas e sorrisos.

Quem me dera semear todos os sorrisos do universo, pintar na tela da face de todos os homens, uma tela onde as flores cantem a esperança,  quem faz desabrochar um sorriso de um coração amargurado, é aquele que consegue transformar tempestades em primaveras.

Há muitos corações que flutuam num mar de amarguras, outros que naufragam no fundo das incertezas, porém é necessário atribuir á vida o valor que ela merece pelas flores que ela nos dá. Nessas sinfonias de tantas agonias, que minhas palavras sejam como lenços perfumados que anestesiam essas noites de tristezas

Hoje vi uma face triste, que lutava na agonia da sobrevivência, porque as feridas se abrem na nossa existência? Feridas sedentas, famintas de dor, querem absorver tudo para si mesma, que grande fome tem essas chagas que se perdem no berço de nossos carinhos.

Não te detenhas entre as magoas desse forte calabouço chamado tristeza, pois as coisas mais estranhas revelam por um breve milagre, porque também a terra recalcada pelos pés de um peregrino dá os mais lindos lírios e a tempestade mais escura trás consigo as gotas do arco-íris.

Nos devaneios desse ato sagrado que é chorar, o coração tanto bate num profundo do ser como se o tempo tocasse a orquestra de todos nossos medos, que lamentos vem a dor que singela pétala de rosas perfurados por beijos sangram as nossas lágrimas que se derramam por dentro.

Só então nas agonias desse pensar, o sentimento de um flagelo, liberta-se para contemplar as folhas de outono que dançam quando a brisa toca o fôlego de nosso inquieto respirar, assim entre os meus olhares ainda que tão distante, é humano suficiente para dizer mil “ais” entre teus pesares.

Porque é uma arte as cores do jardim, mas não caem as sementes e o borbulhar das chuvas não irrigam o barro que mãos perenes transforma em vasos e o perfumista não esmaga o sândalo para que a solenidade seja nutrida por todas as excelências aromáticas?

Ah meu pobre coração contemplou olhos fracos, que em carrosséis de enfermidades, são levados por veredas provisórias de abatimentos emocionais, mas em todos os desejos fendidos nas aflições, brechas acesas na escuridão, são esses os lugares sossegados da temperança

E como dizia antes, é bendito quem retira um sorriso de um coração ferido, porque este prova que um coração em chamas de chagas, ainda aquece a  alma de um sofredor, e que no leito da enfermidade, apenas as lembranças matinais ressuscitem a luz da aurora, pois da felicidade é os dias das lapidações aflitas.


Clavio J Jacinto

Em Esperança


Olhando para si mesmo, de nós nada esperamos
Como Abraão amortecido, a fonte da vida estava seca
Olhando para a fraqueza da sua esposa
Não pode florescer as rosas no tumulo rigoroso da morte

O tempo nocauteia todos os vigores
A força da entropia tudo faz perecer na fragilidade
Como um respirar que cessa na insuficiência das ânsias
Assim pobre é o homem que espera de si mesmo

As flâmulas que desabrocham também se apagam
A vista que enxerga o horizonte se escurece
Todas as noites nascem num dia só
Quando o homem fenece sem crer no amanhã

Como crer sem direção que se enxergue?
Não foi Abraão por uma direção que traçava o mistério?
Mais em tudo seus passos prosseguiram seguros
Porque a promessa vinha de um Trono Soberano

Nos seus atos havia uma certeza
E em ternura creu de todo coração
Pois da luz da fé vem a firmeza de todas as convicções
É necessário que assim seja, para torna-se inabalável

Pois o dia do fim da vida chega
Como uma neblina que assusta com a glória da luz
Mas o dissipara da nevoa não for um confronto
Sob a madrugada repousa todas as incertezas

Crer com esperança sem esperança em vista
É aceitar que o verme rasteja e depois voa
As nuvens escuras trazem as gotas que formam o arco-íris
O fim da vida também pode ser começo da vida sem fim




Clavio J. Jacinto

terça-feira, 23 de abril de 2019

O Discurso


A beleza das flores, o por do sol, as montanhas que tocam o céu  azul depois da aurora, o aroma dos pêssegos e o perfume das rosas, os pássaros que que cantam e as borboletas que flutuam são discursos eloquentes de uma natureza que atesta a majestade de quem as criou...


Clavio J. Jacinto

Descampados da Alma





Se as estrelas não caem no meu silencio, mas permanecem brilhando sob meus olhos, se as flores ainda desabrocham cada manhã e os pássaros cantam até o entardecer, se as chuvas caem e regam o campo e nutrem a montanha com aguaceiros, se todas as coisas ensaiam a perpetuidade de um sorriso, então descansarei nos braços de um olhar, pois o coração jamais se ausenta de um amor que acalma a alma amargurada.

Depois das coisas mais lindas, estamos abertos para as mais belas, porque no véu do tempo, o amanhã aguarda coisas melhores, pois quando as flores balançam com vento, nossa alma se deleita na nobreza do efêmero, porque os lírios tornam-se imortais quando nosso coração guarda a sua beleza, e os campos que perpetuam esse olhar singelo da esperança, faz da erva o caminho precioso da primavera

E como se na fosse tão magnífico quanto a natureza que deixa o espetáculo das cores, cuja nossas vistas mergulham como num oceano de tantas belezas, a alma torna-se eterna borboleta, que precisa de uma esteja feita flor mais linda, para que o coração inspirado por um amor, possa repousar e nutrir-se do néctar da eternidade.

Tenho que dizer ao algo vento: “sopre sobre mim” leve a minha alma pelos encantos das coisas mais belas, porque as flores beijam a alma pela beleza e as estrelas untam a noite com a singeleza de um brilho que insiste em percorrer pelo tempo do espaço até chegar solitariamente diante de minha face, não direi que não importância, ainda que num breve olhar

Matizes de uma primavera sempre adormecem no caminho onde as lagrimas repousam, onde alguém sepultou uma tristeza, poderei eu tirar um grão de alegria? Pois das plácidas capas do pântano, onde jazem os restos mortais de tantas rosas, ali mesmo o pulsar de uma semente emerge da lama em direção as borboletas que ainda rastejam na alma da lagarta.

Como dói minha vida se deixo de andar sobre os escombros das campinas e nos depósitos de folhas caídas, pois os rubis se escondem na terra, assim como um homem pode esconder seu breve amor dentro de um coração eterno, mas jamais pode esconder um amor eterno num coração breve. As chamas do amor não podem permanecer vivas onde não se acredita na perpetuidade da graça da existência, tal fogo da respiração só sobrevive com o perfume da gratidão.

Porquanto deixe me ir por entre as laminas dessas folhas de louro, pois as águas descem na peregrinação das quedas, e debaixo dos tapetes do mundo, fluem num abraço celeste, não haverá desabrochar de flores nas montanhas se os açoites das onde as não ferirem as águas, no cais de cada trovão, o eco fere nosso ouvidos, mas no romper da aurora, a terra está irrigada pelas lagrimas da s nuvens.

Dorme pobre coração meu, porque o despertar é breve, a rotina nos transporta de volta para a dormência do cotidiano, quando nosso coração se perde entre os afazeres do ultimo momento. Só o belo pode despertar a alma adormecida no descampado das coisas fúteis, mas aguardo a ressurreição de todos os teus sorrisos.

A brevidade é apenas um elo que pode ser unido á corrente da eternidade



Clavio J. Jacinto

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O Homem Sarcástico


Um grupo de homens sisudos, faces arcaicas que pintam o medo, conversam entre si o desastre do mundo, a história é uma montanha de dores, mar de sofrimentos que já transbordou. Um ausente da assembleia acaba  de chegar, ri das mais épicas


tragedias do homem, e da estridentes gargalhadas, pois o medo assassinou a paz. Que espanto! esse insensato desperta, insulto de risos que ofende o rosto do choro, e que das profundezas do coração, o homem se perde em seu próprio abismo, quando acha a satisfação na desgraça...

Clavio J. Jacinto

A Nuvem Colossal



A terra árida devastada ardia em solidão. As arvores morreram nas montanhas, o céu insólito soprava o halito da sequidão. Na noite, estrondosa via e colapsos sonoros, como se estrelas na infância do faz de conta lutassem com espadas, num guerra cósmica. E dessa guerrilha noturna faíscas e relâmpagos, e os pingos de chuvas caem, ressuscitando o perfume da terra, o petrichor, Quem são essas gotas? o choro das estrelas viúvas que perderam os filhos na batalha celestial. E a terra seca, que recebe tais choros ofegantes, devolvem vapores que a fúria dos ventos remete para o alto. Lá no ermo no desatino solitário, forma-se a nuvem colossal. Essa é a orvalho abundante, que  de outrora amargura,  irriga o campo e a semente da rosa germina nas areias do campo dos mortos. E como as rosas nascem com os espinhos, esses pontiagudos dedos que ferem e apontam para as alturas, onde a guerra se alastrou e que mais suscita a arte do ferimento, senão que do estouro das nuvens, pereceram no combate as joias silenciosas incrustadas na coroa de todas as noites. Assim procedem as chuvas...


Clavio J. Jacinto

terça-feira, 16 de abril de 2019

O Desastre do homem Borboleta



Um jovem soldado valente desceu até o jardim, contemplou as flores e uma borboleta que flutuava entre o santuário da relva verde e as flores depois do inverno Desejou ser uma  borboleta e assim tornou-se  uma. Veio o vento, brisa santa do mar e sobrou sobre ele, empurrando-o para longe do jardim, e caiu de semblante aflito entre a poeira da estrada.  Na tontura da desventura, um tombo, bateu asas e fugiu pra mata, perdido entre ciprestes e o fogo da lareira voou acima da copa das arvores e o fôlego da noite o engoliu até a mais densa escuridão sem rosas. Que medo!  Fruto do susto e o temor nessas paragens, nos penhascos da ultima ribanceira, e então desejou ser homem novamente, e num “piscar de olhos” virou moleque sem teto, perdido na vida, delinqüente de si mesmo, tal é o ditame na terra dos insensatos, que quando um homem quer perder-se na vida, basta apenas ficar sonhando com as coisas absurdas

Clavio Jacinto

Colapso de Todas as Primaveras




Sentei-me a beira do caminho do amanhecer
Como relva que ainda respira a madrugada dos sonhos
Quem pode acudir minhas ânsias solitárias?
Nada mais se derrama, senão as lagrimas de verão

Pois em prantos de chuvas perdidas
Nas variações de um eco nas florestas
Onde pássaros tristes bradam a profecia das tempestades
Uma sinfonia que abrem feridas vem a mim

Eu choro a tristeza vaza no pó das dores
Os espantalhos se assustam e fogem
As flores do campo desabrocham infinitamente
No pendulo onde minha alma canta para outro dia









Estrelas no canto do jardim



Dos brados da noite uma centelha
Onde as flores de teus olhos são sentinelas
A princesa de meus castelos de orvalho
Quando perdia a conta das estrelas cadentes

O tempo passa entre nossas noites
Como as ondas de uma praia com areias brancas
O lírio de teus sorrisos cabem dentro das lembranças
Quando sorrimos um ao outro em paixão eterna

Mas que das beiras desse cálice do tempo
Colide os anos entre nossas vidas na beira
Num ai, retomamos a força pra viver juntos
Como se a linha tênue da eternidade ficasse aqui

Aperta minha mão e promete nunca me deixar
Porque quando partir para as campinas do amanhã
Colherei mil rosas e jasmins, em dançando
Esperar-te-ei  de braços abertos.

 C. J. Jacinto


Paraiso Perdido


" As vezes a tentação, nada mais é do que a falsa ilusão de que podemos  ser felizes sem a presença de Deus, ou apenas o legado do engano de que podemos viver independente dele

A vida porém prega essa falacia, sustentamos nosso deserto, por crer que podemos ser primavera sem as chuvas, ou que podemos ser montanha ao erguer nosso despenhadeiro

Assim o egoismo nada mais do que aquele desejo de ser liberto de um Paraíso que foi concedido pela graça, mas seguirmos livres para os atormentados campos de batalhas de nossas desgraças"


Clavio J. Jacinto

quinta-feira, 4 de abril de 2019

As Vestes dos Lirios

" Olhei os lírios do campo e descansei
Por sendas e campinas contemplei
A nova terra do porvir
Do céu azul do esplendor infinito
Vontade que minha alma tem de mergulhar
Por entre a imensidão de todas as promessas
Pois os dias passam e a eternidade chegou
As ternuras de uma glória que vem chegando
Nos mananciais de alegrias que nunca se acabam
Descansa minha alma
Pois se os lírios são vestidos de nobres roupas
Então meu coração não ficará nu
Quando vier ficar despido desse pobre corpo"

Clavio J, Jacinto

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Evangelho


A Dança das Lagrimas


Eu danço  quando as lagrimas cantam, não importa se as estranhas dessa dor sacodem a minha alma, eu canto quando as lagrimas dança no rosto, não me importo com as desconsiderações, porque a travessia da noite é apenas uma jornada e não uma estação perene.


Clavio J. Jacinto

Borboletas adormecidas





Caiu a tarde atrás da montanha, chega a noite em lutos dos sonhos, na folha perfumada  do eucalipto adormece a borboleta. O céu está estrelado, os insetos cantam e o orvalho cai sobre o capim. Que frescor vem dessa brisa do mar! E esse cheiro das ervas do campo, que o sopro dos ventos liberta dos grilhões das flores! Vai minha alma, por esse encanto da vida, pois com a borboleta meu coração adormece, até que a estrela da alva nos desperte para o incêndio da nova aurora...


Clavio J. Jacinto