As vagas horas do dia passam
Como ervas perdidas no campo
As palhas da existência são meras sombras
Levadas por ventos de rotina
Os braços de aço das adversidades
Moldam as estruturas das dores
Como nevoas de absinto
Entornando as águas do lamaçal
A vida é nosso bem maior
Feita de argila e alma do pó
Restos mortais da batalha de Caim e Abel
Átomos insurgentes dos perfumes
Nessa mistura alcalina agridoce
Vivemos, remando contra todas marés
Nem sempre superamos os monturos
Do sulco, brecha, nele semeamos
O inverno límpido é passageiro
O ribombar dos canhões cessam
A vida é caule, fruto e muita palha
Nossos sonhos, enfim, meras mortalhas
Quando descobrimos essa vaidade
Num recanto de polidas e duras verdades
Num momento solitário, com a alma a sós
Choramos. Deus tenha misericórdia de Nós.
Clavio J. Jacinto
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