sábado, 31 de dezembro de 2022
domingo, 18 de dezembro de 2022
Cisnes de Outono
As nuvens deslizam no céu
Entre meus olhos e o infinito
Carregam as lagrimas de meus gritos
Entre tons cinzentos e ecos de trovão
A trêmula voz de todas as eras
Na palha ébria do alvo algodão
Entre perfumes da vossa perenidade
Nas agulhas dos pinheiros que choram
Onde a alma pranteia todas as saudades
Que os cisnes testemunhem essa arte
De conduzir à vida em partes
E depois juntá-las numa só esperança
C. J. Jacinto
domingo, 20 de novembro de 2022
Frases e Fatos
A alegria perene encontra-se em
Cristo, todas as riquezas eternas estão disponíveis através do Senhor da
glória, que nos dá Sua eterna redenção e com ela tudo o que precisamos para a experiência
da verdadeira felicidade.
A esperança da vinda de Cristo e seu
Reino eterno é fruto do sentimento da não conformação completa do atual sistema
e não de somente de uma parte dele.
A redenção foi realizada pela morte
de Cristo, que nos deu a vida eterna e a ressurreição, o Evangelho consiste de
uma revolução vital,um mover-se para a eternidade, de forma garantida e
progressiva, Cristo fez isso por nós. A vida cristã portanto é um movimento
dinâmico e não uma religião estática
Não importa o quão plano seja o
caminho escolhido, você sempre encontrará pedras durante o percurso
Só um coração inflado pelo orgulho
próprio é capaz de ter espaço suficiente para guardar o rancor
Autor: C. J. Jacinto
Constelações Acusticas
C̭̯ͫͤ̀ͥ̐̓ọͬ͒̿̆ͮn̘̙͒̐s̮͔̉̈́̐̍́ͪ̄̏ͤṭ̗̬ͫ̒̎̿̈́́͊e̩͓̦̬̪̣͚̓̿̾ͪ̄̓̒l̦̰̭̓̀̂͐̔̽ͯa͎̭̙̹̙̩̩̜͗͆̀̏ç̪͖͐͗ͥ͑õ̪͖͐͗ͥ͑e̠̰̭͇̥͂͋̔͆ͦ̂ͅs̼̘̠̔̈́͗
̜̤̗̪̱̙̌ͮ̆̄̚a̠̠̠̜̼̙̺̞̺͒ͪ́̄̅ͩ̿č͔͈͈̱ͥ̅̌ͬ̑̉̋ụ̭̜̠̭̤ͣ͊͆̽ͅs̗̠̭͊ͧ̾̽̓̋ẗ̜̠̺̱̳̠͕̈ḯ̭̮̥̹̀͌͊͗c͉̊̓̓a̮̺̎̃s͈̪̱̪͎͐ͅ
Cantam
as estrelas e dançam
Dentro
da minha alma acordes
Ondas
marítimas e céus brilhantes
Dançam
a doce canção de ninar
No
aconchego da chegada
Primícias
luzes de verão
Pirilampos
dançam na noite ébria
O
orvalho e os cristais lapidados
Dançam
estrelas matutinas
A
manhã chegou carregada de fardos
Meus
sonhos embrulhados de infância
Minha
esperança desperta
Ressurreição
dos sentimentos quando acordo
É
um novo dia especial
Cada
noite as constelações cantam (Aleluia!)
E
minha alma dança dentro do coração
Todo dia é natal...
C. J. Jacinto
Peregrinação
Corre meus sentimentos entre névoas
Tarde a manhã meu ultimo dia
Lençóis cobrem minha alma nua
Pelas ruas úmidas da saudade
Vou embora da vida
Como uma estrela que se apaga
Quando o sol brilha em tanto fulgor
Eis o tempo da peregrinação final
Os restos mortais da minha existência
Serão meus poemas...
CJJ
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
Sem Merecer
Sem merecer, desprezo terminal do mundo
Ah! Triste pesar volver
O fim entre meus emblmeas
Do parto de meus pecados a fuga
Réu que sou
Sem merecer, atroz julgamento
Não me poupa o mundo
Atira as pedras e o sarcasmo
E eu
Sem mercer, cabisbaixo
Choro a violencia dos verbos e substantivos
Cruza a flecha de dedos o coração
Desterra-me, os olhos afiados machucam
Ferido e desprezado
Sem merecer
Da cruz violenta que sussurro ultrajes
Subtrai o perdão da graça imaculada
Que tocando minhas chagas
Sem merecer
Não rasga as feridas
Mas cura meu coração envergonhado
C. J. Jacinto
A Carta
A Carta
Dois peregrinos descalços caminhavam pela Rua Áurea,
um ia a encontro ao outro, um vinha do Sul e o outro do Norte, o primeiro
trazia uma carta para apresentá-la ao segundo. A Rua Áurea era uma
estrada transcontinental, começava no fim do mundo e terminava no mundo sem fim.
O
peregrino que vinha do Sul estava caminhando há muitos anos, o que vinha do
norte apenas alguns meses.
Os temporais da vida e os furações mais
furiosos eram pavios que acendiam a aurora boreal, o desgaste do tempo que
passa, a entropia rasgou as vestes do peregrino do Sul, ele agora era um
farrapo ambulante carregando uma carta, ele era o apóstolo das tribulações, o
profeta de todas os temporais.
Eis um caminho de sarças e espinhos, rosas e
dromedários, fontes adormecidas na noite sem orvalho, o gás lacrimogêneo
de nossos desesperos e a figura nativa de um homem imponente que tem uma
mensagem, e, pelos campos imaginários prossegue sob a luz do luar, noite e dia
prosseguindo por enigmas de poeira que é a tinturaria na urdidura de nossos farrapos.
A grandeza da luz sob a aurora imponente de nossa
esperança, é o clímax de nossas motivações mais puras.
Passo a passo, um ao encontro do outro, marcha
orquestrada por um objetivo, a seqüência de cada dia é uma aproximação, a vida
prossegue nessa peregrinação.
O peregrino que vinha do Sul, olhava ao longe a
estrada empoeirada até a linha do horizonte, um íntimo infinito na tapeçaria da
existência, como se o coração de cerâmica fosse um vaso a guardar em depósito
um mistério.
Na sua
bolsa, a carta. Selada e bem guardada, o que estava escrito nela, ele não
sabia, sua missão era encontrar o peregrino do Norte, abrir a carta, num ritual
de poeta lúdico, ler em voz alta, fechar a carta e entregá-la e voltar para o
Sul.
Mas a viagem épica durava o tempo quase eterno
de uma existência, a percepção do agora em cada passo e o espaço de cada
instante. A noção de viver com um propósito é a mais sublime percepção do ser
diante dos mistérios da vida.
As
pérolas da satisfação estarão sempre incrustada na coroa de nossas
realizações. Nenhuma dificuldade é capaz de amedrontar àqueles que da noite
mais escura, descobriram o caminho do amanhecer.
Os terminais da vida são pródigos em nós
oferecer surpresas, ali estava o peregrino com a sua bolsa,
descansando naquela manhã esplêndida. Os pássaros cantavam e aquele cheiro de
mato molhado de orvalho parecia uma fatia de paraíso onírico, algo que coloca
em óbito profundo aquele sentimento de desânimo. A terra silenciosa é o
fundamento de seus pés, o ar do outono e as montanhas azuladas distantes, um
destino que escondida à marcha do peregrino do Norte.
Aquele foi um dia descanso, até o cais do porto
do entardecer, o peregrino do Sul permaneceu sentado debaixo de uma amendoeira,
no advento da primeira estrela do Norte, onde as auroras boreais despertam, o
Peregrino levantou-se e prosseguiu a sua jornada noite adentro, firmando seus
pés na estrada empoeirada.
Essa
peregrinação, um mergulho no silencioso destino onde a solidão é a companheira
constante. Nessa ausência vem o cultivo do pensamento fértil, o manancial da
inspiração, se o coração é forte, não enlouquece, mas torna-se mais sábio, pois
a solidão é uma lapidação da alma.
Montanhas
e nuvens estão diante da paisagem do norte, as folhas do outono estão
adormecidas na beira da estrada, é uma manhã tranqüila, depois de uma noite de
marcha. Uma ponte logo à frente e um córrego com águas cristalinas e o barulho
típico da água correndo, pássaros cantando e um aroma de flores silvestres. O
peregrino do Sul, está agora no cume de uma campina e diante dele a estrada
serpenteia, é o vale de Pison.
Aquele que consegue libertar-se de todas as
fantasias de uma civilização materialista encontra na ausência das coisas
descartáveis a realidade das coisas verdadeiras e preciosas.
A percepção do encontro breve está no coração do
peregrino do Norte, ele é um moço vigoroso, alguém que luta contra as próprias
vaidades, está consumindo a vida como um andarilho que saiu ao encontro de
outro peregrino, para receber uma carta e levá-la ao Norte. As asas das
borboletas cantam e as flores dançam, quando faltam as palavras que se encaixam
para decifrar o enigma da beleza, então a natureza das coisas puras e frágeis
poetizam como que por imagens, e só os sensíveis percebem o espetáculo.
Assim das flores que na beira do caminho se
encontram, singelas no vestido da simplicidade, são lâmpadas de cores em ondas
de perfumes, elas estão ali, pequenas e abundantes em todo o percurso, mas a
multidão nunca percebe que elas estão ali, e só os poetas entendem que elas
desabrocham para amenizar o caminho dos que enxergam a profundidade da
realidade.
Em suma,
somente corações especializados na sensibilidade podem enxergar algo especial
nas coisas mais comuns.
Há um mistério místico na fé, pois que na marcha
pela vida, mesmo que o passado a cada minuto se torne distante, Deus nunca está
ausente na nossa solidão.
Mais um dia vai chegando aí fim, é uma tarde
dourada, nuvens em brasas e brisa silvestre nos campos. O peregrino do Norte
reúne algumas palhas e ali debaixo de uma árvore faz seu leito de descanso.
Chegou o dia do grande encontro, o momento da
entrega da carta, um peregrino ancião e outro jovem. Ao longe, um pequeno ponto
em movimento, enxergou o peregrino do Sul, que observava o longo caminho reto
entre dunas de areias e palmeiras. O momento da emoção, a carta dentro da
bolsa, o fim de uma missão e o início de um retorno.
Passo a
passo se estabelece um sentimento nobre, o fim de um propósito se alcança pela
resiliência, a conquista de trabalho se dá pela superação de muitos obstáculos.
Ao meio dia estavam os dois frente a frente, o
peregrino do Sul faz o sinal típico de reverência, saudando o jovem peregrino
do Norte, abre a bolsa e retira de dentro um pergaminho é a carta. Ele rasga o
selo e abre a carta e faz a leitura:
"A equidade é um caminho de poucos, a
justiça está sempre submissa ao amor, sacrifica-se a opinião própria para que a
verdade se sustente por fatos evidentes,
o ódio é alimentado pelas sombras da confusão,
mas a substância que sustenta a vida real é a fé. Tenhamos sempre paciência,
pois a genuína justiça mantém-se em equilíbrio pela conduta de poucos homens”.
O Peregrino do Sul fecha a carta e entrega ao
peregrino do Norte, nesse momento eles se abraçam e se despedem. O peregrino do
Norte leva consigo a carta e a velhice enquanto o peregrino do Sul retorna com
a juventude para a sua terra.
C. J. Jacinto
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
A CONFIGURAÇÃO HOLOGRAFICA
A CONFIGURAÇÃO HOLOGRAFICA.
C. J. Jacinto
A alma sombria deseja
dominar o mundo, no espelho de todas as injustiças, um reflexo que nutre a alma
de Narciso, a síndrome do hedonismo na face da escuridão mais sombria.
Homens pardos,
navegadores de todos os naufragios, cadáveres insepultos em torno dos clamores
hediondos. É a terra de ninguém, é ali que a alma sombria flerta, alimenta seu
desejo de domínio.
No espaço sagrado e uma nova Via Apia, culmina o que um
antigo profeta chamou de vale da decisão, onde as multidões dos filhos de Adão discursam
e se confraternizam ou se digladiam. Nesse campo de guerra, cujos espinhos nocauteia
a sensibilidade, homens disparam verbos e substantivos, o suborno da própria decência
para impor a opinião, o que se sabe da escuridão é que alguns defendem ela,
como necessário para a luz brilhar. O projétil da sombra onde o ego descansa,
uns dizem que seis é número de homem, e então o rejeitam para possuir a meia dúzia.
Aos protestos na defesa incólume do frio, bravejam contra o gelo, e como
rejeitam as bombas para em seguida beijarem a faca, diga-se de passagem, no vale
da multidão, estão lá os que protestam contra a idolatria do sol e em seguida
se prostram adorando a lua. A idéia rara que afia a lâmina de todas as línguas,
pois que na tentativa de justificar o ódio a verdade, apenas se apropria do
amor a mentira. A alma sombria é a suposta salvação da terça parte dos homens caídos,
nessa junção de trevas com enxofre, o caminho intercalado nos protestos dos que
rejeitam o amor ao dinheiro, mas amam a avareza.
Tal é o mundo sem luz dos homens, a alma da sombra deseja o domínio
dos corações impenitentes, onde a falsa sapiência serve apenas para
justificação qualquer aberração que se metamorfoseia para garantir que a outra
aberração seja rejeitada por estar nua.
Assim o vale está dividido entre os que odeiam a luz e a
outra metade que ama as trevas, e alguns poucos que se ardem em amores por uma
libertação, ante a libertinagem da consciência.
Que poderia falar sobre essa panacéia? Assombrado pelo feiúra,
a alma da sombra precisa descer e convencer os meros mortais, mas precisa de
disfarce, um disfarce de encantamento, uma figura pública que toque a sutura de
uma ferida mortal alojada no espírito humano. Não é goécia e nem teurgia, faces
desamparadas de uma mesma moeda estampada em antigos pergaminhos escondidos nos
monturos das mais hediondas heresias.
Como abelhas sem rainha, os homens do vale da decisão saqueiam
a própria dignidade para convencerem a si mesmos de que há uma esperança no
humanismo que se levanta na poeira dos ventos bravos.
O ensaio escatológico da alma sombria é conquistar os homens,
e espera até o momento oportuno, até que se passe a embriaguez de todas as
injustiças e lúcido cada um deles almeja por um fiasco de justiça ou equidade.
Tece na tapeçaria do nefasto, a urdidura de uma veste
resplandecente para cobrir a face da aberração. É preciso um disfarce, uma
fantasia de anjo de luz, convencer pelos olhos artificiais e corações rasos,
que é um salvador, uma resposta reativa para uma sociedade de ambigüidades.
Veste-se de uma figura justa, aquele que tem um passado
tenebroso, cuja natureza bebe do abismo, onde a justiça atemporal projeta a
exposição dos piores crimes, mas os incautos homens embriagados pela ignorância
são extremamente egoístas, pseudo-sábios que conseguem medir mesquinhez das
sombras projetadas sobre os que odeiam e ao mesmo tempo cobrem com a cegueira
aquelas que lhes convém. O crime do outro justifica o próprio, o pior e coisa
ruim, a tempestade lutando contra o trovão e a catástrofe contra o cataclismo.
A alma sombria configura-se e ajusta-se conforme as expectativas
da turba deseja conquistar o império humano, e desce ao vale num brilho fatal, hipnótico
e operante, sagaz e sutil, aureola de todas as piedades falidas, a impiedade
que se justifica pelo benefício de consagrar ao mortal a imortalidade, ao
humano á divindade
(aplausos)
O vale das sombras se incendeia de uma luz boreal, é um ser meta-humano,
sobressai-se em amplo dígito de brilhos, vestes cruas engastadas de raios de topázios
e um discurso prismático, doar-se aos homens e viver para os homens. Oh que
grandeza, seu passado se apaga com a luz que disfarça, e os homens se apaixonam
pela retórica de um absurdo que parece tão lógico, que a perenidade da
sabedoria humana fica ofuscada por um clarão de idéias que inflamam as paixões
mais sutis do ego humano.
A falsa luz hipnotiza corações superficiais, é cativante
porque leva ao cativeiro, e os homens algemados pelas sombras veneram a falsa
luz que os ilumina pelo caminho da confusão, que se infiltra pela trapaça e
trabalha na trapaça, não é um louco que espraia a sua loucura, mas um falso sábio
que se esconde por trás de um discurso convincente. O mal mais perigoso não é o
que nos ameaça, é o que se disfarça e nos convence. Não, mil vezes não, a terra
do Eden brilhou através da serpente, não havia chifres mais olhos que cativam,
a linguagem não ofensiva mas que provoca os mais deliciosos delírios, como um
gotejar de efeito psicodélico que incendeia dentro da alma as mais cintilantes
estrelas, um destilar de anedotas calmas que se aloja numa alma passiva.
O mais perigoso engano, quando universal para destruir a uma
multidão, não vem com armas letais e com palavras trôpegas , vem com a retórica
dos assuntos mais nobres, com o discurso mais voraz pelo qual anseia o homem. A
configuração das forças das trevas emoldura-se por uma ilusão brilhante, uma
apresentação fantástica, sem deixar rastros de intenções pitorescas de ruína.
Vem mansos e tranqüilo, com suave lisonja, intensificado por uma alucinação que
serpenteia o momento para tentar desviar os olhos humanos do passado.
Os homens do vale da decisão sabiam de onde aquele ser
configurado num brilho intenso vinha, ele deixou a sua história escrita no
passado, mas podemos crer na redenção do irremediável? Um vício não pode ser destruído
por uma promessa, um crime não pode ser sepultado nas profundezas da
indiferença. Mas o engano jaz sempre a espreita do homem que não quer usar
balança justa, o engano será sempre um motivo de justa punição mais severa, se
por fim, um ser alude ao outro, aquilo que precisa ignorar em quem defende para
justificar seu ponto de vista.
A alma sombria brilhou no vale, ergueu-se um trono em cada
coração hipnotizado, ele entrou, estabeleceu seu domínio no interior de cada
alma, levou consigo os grilhões comprou cada alma por um discurso e cada alma
se vendeu por uma promessa. E só então depois da conquista, as vestes se
apagaram, a verdadeira natureza apareceu, o vale desceu quando os pilares da
esperança caíram, e os homens colocaram a culpa um no outro por tamanha
cegueira, e na infâmia da mais baixa escravidão, eles pisotearam uns aos
outros, em ofensas e pragas, num destilar de ódio virulento, mas sempre se
prostrando, adorando e servindo ao sistema das sombras que os escravizava.
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
Pavores e Temores
Clamei a graça em subita subida
Entre os lençois e os temporais da vida
Inquieto em chuvas torrenciais
transpasso a alma com ternura
Atravesso meu medo
Até encontrar mais coragem
Pois a existencia nas tempestades
Exige do núcleo do próprio coração
O heroísmo de suportar a nós mesmos
Livrando-se de todos os pavores
Libertando-se de todos os temores
De nossas desventuras.
C. J. Jacinto
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Primavera
.Ergo a aurea alegria
Contemplo:
As borboletas pousam
Sobre a esperança
A primavera chegou
Um calice amor derrama
Senciência das flores
Meu coração anela
As batidas da eternidade
Infinito
CJJ
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Pedras e Prisões
Palavras que se transformam em pedradas, servem para construir masmorras para o coração e muros para separar as almas uma das outras, assim os homens se separam e tornam-se solitarios e prisioneiros de si mesmos.
C. J. Jacinto
domingo, 9 de outubro de 2022
Sombras são Projeções, a Escuridão é um lugar
Repousa a escuridão sobre as terras
de meus medos divergentes. Sonâmbulos refúgios de uma alma temerosa, homens se
escondem lá
Fora de mim, a parte de meus temores,
a covardia se arrasta pelas cavernas de um abismo que pariu todas as ausências da
iluminação
Quando me libertei deste denso lugar,
em archote fosforescente refulgia a coragem de sair das trevas
Desistindo daquela escuridão berço do
sono eterno num espaço de infinitas friezas, lugar onde gravita a covardia.
Mas do libelo a libertação, no aconchego
de uma flor serena, nas sombras de um salgueiro, em refrigério encontrei a
sabedoria.
Corpo de Calcario
corpo de Calcário
Autor: Clavio J.
Jacinto
Havia no deserto de Etten um recluso, foragido do
mundo e da civilização, homem dotado de sútil percepção da vida, magro e
maltrapilho, a voz rouca e uma barba que arrastava ao chão. Seu nome era Angst.
Notável pensador solitário poeta de todas as
probabilidades e profeta sem visão futurística, o Apocalipse estava velado aos
seus olhos, o agora era sua única experiência de vida.
Angst é o pai de todas as angústias, voz que
clama no deserto, pesa mais fardo das aflições e naufraga no mar obscuro de
todas as ansiedades.
Amante de livros, leitor nupcial, em todos os
sentidos, uma sentinela acorrentada pelos grilhões da vida.
A voz rouca de Angst era a voz dos homens, cada
um deles, na nobreza do pensar que corresponde o clamor da civilização:
"Eu morri. Em Teu sopro de neblina e de luz
eu vibro, Céu, como se carregasse em mim o filamento da criação. Como se todos
os fios invisíveis do ser estivessem entrelaçados no cosmos enchendo meu
peito!"
Pasmo o pensante solitário era a voz de todos os
homens, caudaloso rio que verte até o fim do mundo, trapo restaurado pela
esperança que repousa em coração aflito, e da tempestade furiosa de
areia, assombração de furiosas náuseas, ele ouviu o atenuante filósofo das sombras:
"Pele por pele e tudo o que o homem tem
dará por sua própria vida."
Esse é o labirinto da vida, o clamor do
calcário, alma sólida em vertigens verticais, maltrapilho homem do ermo.
Angst tomou um livro de sua austera biblioteca,
imponente voz arauto de todas sonolências, o despertar do pensamento para a
verdade, quem busca os fatos não fica preso ao grilhões do engano.
Terríveis e sonâmbulos sentimentos sem sonhos, o
crepitar de estrelas de fogo fátuo , e o que mais?
Angst se senta no seu trono, a sepultura, e abre
o livro e lê a sentença de todos os breves mortais:
"Tu és pô a ao pó retornarás"
A vida é realizada na realidade da solidão, ela
é feita de oportunidade e decepções, todos temos uma jornada infinita, um
caminho a percorrer com coragem, a vida é para os corajosos, é muito fácil
celebrar nossas conquistas difícil e permanecermos emocionalmente equilibrados
em nossas derrotas.
Na abertura do livro em uma página alheia
fincada nos papéis amarelados como livros espremidos num acervo antigo, Angst
leu:
"O que dá o verdadeiro sentido ao encontro
é a busca, e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto."
Levantando-se de seu assento de descanso, lugar
da carne feita pó, inclinações táticas da vaidade, sentimentos atávicos de
orgulho, Angst percorre com os olhos o horizonte de todas as estações da vida.
A saudade de ver as vias sonoras de beija-flores em equilíbrio entre as rosas e
o vento. A morte não é um nocaute fatal sobre a existência, o gemido do medo
não acelera o retorno ao pó, mas enfraquece a chama da esperança.
Assim, a lembrança daquele dito único, do
filósofo dos pesares, sob o peso de uma esperança prolongada , Angst, se lembra
da sentença:
"No auge do inverno, finalmente aprendi que
dentro de mim havia um verão invencível."
E era esse o sentimento de angústia que
irrigavam as flores que iria decorar seu túmulo.
A resistência de não chorar, o sofisticado modo
de olhar para dentro de si mesmo, uma ascese do próprio coração a impor
flagelos de nostalgias.
O nosso Angst levanta-se, com as mãos bate nas
vésperas das vestes para sacudir o próprio pó que nutre a sua vida, e na
sombra de uma macieira em flores, chora as desistências de seu fôlego , o
respirar de todos os ciclos da infância até a velhice, os ponteiros de um velho
relógio marchetando a alma para produzir uma obra de arte vital. A solidão não
desgasta um coração forte, mas lapida-o com conhecimento profundo.
A sua hora chegou, a percepção de que o tempo
passa torna-se o homem sensível para as coisas mais importantes. Como uma bomba
relógio, Angst percebe que cada pulsar e a contagem regressiva para uma
explosão de silêncio, ele abre um outro livro, ali está escrito:
"Um homem só pode ser ele mesmo enquanto
estiver só; e se não amar a solidão, não amará a liberdade; pois é somente
quando ele está sozinho que ele é realmente livre"
Um grito insurgente vem da alma, Angst para de
respirar, o coração encerra sua marcha e a explosão da morte ocorre. Todos os
silenciosos se reúnem em um só lugar, exterior e interior. Um cadáver repousa
no reino da inércia ao lado do sepulcro, e longe a torre de um relógio pálido
também está prestes a abandonar o tempo, e isso ocorrerá ao terceiro dia.
Extraído de: Contos Ordinários e Extraordinários
O Bosque das Arvores Que Choram
O Bosque das Árvores que Choram
Todos os que descem pelo caminho das mágoas, conhecem um
bosque de muitas árvores que possuem um dom diferente, elas não frutificam e
nem florescem, embora o observador perceba que há entre tantas árvores, ipês e
manacás. Elas apenas choram. Algumas
crianças que por lá passaram, chamaram aquele lugar de floresta das lágrimas,
eu ainda prefiro seu nome tradicional: O Bosque das Árvores que Choram. é um
belo nome, senão o melhor. Não há estações
que não seja irrigada pelos choros das árvores. São gritos de muitos ias
misturados com soluções épicos, uma verdadeira orquestra de sentimentos e
lamentos, é possível que algo seja tão fora do normal, mas elas derramam suas lágrimas como se fossem nuvens da terra, apegadas ao chão de todas as coisas.
Este mistério foi o
enigma dos séculos, talvez um enigma milenar, algo que me deixou angustiado,
tentar decifrar o motivo pelo qual, arvores choram. Eu procurei respostas entre
os filósofos, e eles não me deram uma boa resposta, embora muitos deles fossem
argutos , então procurei os poetas, eles poderiam me dar uma resposta. Mas
quando souberam da minha história e foram verificar se realmente a descida pelo
caminho das mágoas levava a esse bosque tão misterioso, chegando lá, ficaram
tão sensibilizados que acabaram voltando chorando. Era como se os lamentos das árvores se apoderasse do coração deles. Não tive as respostas, mas continuei a
procura. Encontrei um profeta, falei a respeito de minhas indagações acerca de
um bosque onde as árvores não florescem e nem frutificam, apenas chora, o ano
todo. O profeta também ficou pensando sobre o mistério e não deu uma resposta satisfatória.
Teria que procurar,
ainda que tivesse que correr todo o mundo em busca de alguém que pudesse me dar
uma resposta sobre um assunto tão controverso quanto árvores se comportam como se fosse humanos infelizes, ou ainda como almas
crepitando nas dores das chamas de uma chaga.
Desci ao caminho das mágoas, me sentei embaixo de um salgueiro, em união com o silencio do meu
coração, para ouvir os lamentos da floresta. Ouvia os pingos dessa chuva
lacrimejante sobre as folhas, torrenciais insólitos de um mistério que não
podia desvendar, arvores não tem sentimentos, pensava eu, ou elas sentem?
De fato, percebi que,
apenas alguns minutos debaixo do salgueiro e já estava encharcado de lagrimas.
Retornei sem uma
resposta, minha vida estava sob o peso esmagador das coisas indecifráveis. Mas
deveria continuar buscando, entre faias e ciprestes colhi em um cálice algumas
lagrimas, eu tive a idéia de levá-las ao químico, para que observasse o fenômeno
e me desse uma resposta, afinal de contas as árvores não tinham glândulas
lacrimais, como poderiam chorar ?
Mas ele também não me
deu respostas, apenas argumentou que há no universo certos tipos de mistérios
que não podemos decifrar, pois se encontram dentro de uma caixa tão fechada que
ao guardadas pelo silêncio na multidão de milênios.
A vida tece uma veste
de enigmas, e ela apenas faz, para cobrir a nossa ignorância de vergonha.
Voltei pelo caminho das mágoas, eu teria que levar comigo uma criança, talvez ela pudesse me ajudar a
decifrar o mistério das árvores que choram, quando chegamos lá, a criança nada
falou, apenas abraço-se á uma cerejeira e começo a chorar com ela.
Tomei a criança pelas
mãos e comecei a chorar com ela, agora eram arvores, uma criança e um adulto
chorando. Pelo jeito o mar da angústia vai transbordar e inundar toda a terra.
Decidi sair dali,
pensei que deveria existir um bosque de árvores risonhas, mas tentei imaginar
onde seria a localização de um bosque de árvores dando risadas. Outra idéia surgiu
no coração, e se existisse um bosque de árvores que cantam? Sacudi a minha
cabeça, devo estar ficando louco.
Voltando ao mundo
normal, lá onde árvores não cantam, não dão risadas e nem choram, tentei
coordenar o meu coração, para tentar achar uma resposta para o caso tão enigmático
que estava envolvido.
Pensei comigo mesmo
que, se permanecesse frente ao bosque ouvindo as árvores chorando e meditando
sobre o motivo pelo qual elas fazem isso, talvez encontrasse uma resposta
dentro de meu próprio coração.
Mas outra idéia surgiu,
consultar todos os livros de biologia, as enciclopédias poderiam ter uma
resposta, é certo que a ignorância é um estado de escuridão, aguardando que uma
luz de sabedoria acesa em outro lugar seja encontrada e colocada no recinto
onde ela perdura.
Passei dias e mais dias
abrindo livros e mais livros e nunca encontrei as respostas que precisava, até
que um dia olhei no espelho, e vi a mim mesmo, um homem de face envelhecida e
mãos trêmulas.
Um homem que viveu na
humanidade, que viu guerras e injustiças, que lutou para sobreviver, que
carregou fardos e enfrentou tantos problemas, agora já fraco, com os pés
calejados e o coração desgastado por bater em todas as estações.
Era o fim da minha
vida, o ceifar de meus pensamentos e ações, o caminho linear da existência.
Passamos a vida em busca de respostas quando deveríamos viver a vida em busca
de perguntas.
Desci o caminho das mágoas, voltei ao bosque, apoiado por uma bengala, já caminhando com
dificuldades. Aquele pé de salgueiro ainda estava lá, continuava chorando. Aproximei-me dele, as árvores quando sentiram
a minha presença, um velho homem de pele retorcida e ossos frágeis, todas
pararam de chorar. Era como se fosse um milênio de silêncio sacro. O salgueiro
silencioso sentiu os meus braços, abracei-me á ele, e quando todas as árvores do bosque das árvores que choram se silenciaram diante da minha existência última, penas eu chorei e chorei muito, enquanto elas apenas me ouviam. Desde
então, o bosque das árvores que choram, perderam suas folhas, silenciaram na
noite da minha partida, e apenas restou uma pequena roseira que floresceu, entre a fenda de uma pedra, sem nunca murchar, pela multidão dos séculos,
apenas para perpetuar os mistérios da vida.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Tear de Sonhos
O tempo da terra, areia retumbante
Tece augusta alfazema perfumada
Penumbra de neblina na manhã gelada
Afrescos de audácias e aromas pulsantes
Sem náusea: a borboleta desperta
Transformações Secretas
Revoluções profundas: Um sonho
O casulo é o enigma da vida escondida
Fios de palha e mares remotos
Dormência de cais e as dores
No tear da vida que aquece o lume
Nos campos, rosas gencianas e
violetas
Voa libélulas atrozes e épicas borboletas
As sombras pintam nuances coloridas
Desperta a vida, lavanda e jasmim
Um sonho de vida
O amor vivo revestido de esperança
Minha alma tranqüila flutuando
CJJ
Exilio
Exílio
Meu sonho desceu ao exílio
do coração ali meu sonho recebeu audácia. A esperança não deixa o sonho adormecer dentro
de nós. Meu sonho encontra a saudade, pois o coração que guarda boas memórias não
deixa ela morrer. Peregrinando, encontra a resiliência. Mesmo
diante das tempestades nas profundezas intimas, sei que elas passam, mas os
sonhos permanecem. O arco-íris é o sonho dos temporais. O tempo envelhece
nossos anelos, mas a esperança renova todas as coisas. O coração está povoado de exilados. No céu do
coração, meus anseios voam enquanto o desanimo rasteja tentando arrancar as
jóias do otimismo. Que os sonhos sejam
ornamentados com elas, pois quando voltar do exílio, emergindo como o sol
nascente, trará consigo aplausos. Quem
sonha com coragem, encontra forças para sair do exílio interior com aspirações
renovadas. A grandeza da vida é a libertação de todas as virtudes.
CJJ
sábado, 24 de setembro de 2022
Sem Exilio
Sem
Exílio
Ouvi dos prados o pranto
Feridos Sentimentos espinhosos
A voz alva em sentinela que dizia:
(Amar é a capacidade de sentir o chão
da vida. É ali que encontramos as raízes de nossas motivações)
(O amor destila sorrisos. Fermenta
esperanças. Faz multiplicar as lagrimas. Sorrir chorar e esperar. Esta é a
profundidade da vida)
(Ao tocar no sentimento ferido com o
verdadeiro amor
Concedemos a possibilidade de curar
um coração doente)
(O amor tem o poder de valorizar o
momento, transformando o agora em algo precioso, para que se torne por si mesmo
inesquecível)
(Quando partires de tempo em tempo.
Para viver o novo dia, observa se o amor é teu companheiro de esperança)
Clavio J. Jacinto