Quando caem as folhas
no começo do inverno
Como asas partidas da
estação que voa embora
Nos jardins desfloram
rosas que choram orvalhos
Nos prados choram lírios
que desbotam ventos
Quais chagas enlutadas
de dores fecundas
Que frutificam amargas
gotas de suores trópicos
Nas férteis plagas
desses dilúvios de dores
A alma flutua nas turbulências
desse caos
As torrentes de essências
jorram aromas
Os olhos lacrimais
dessa noite de lua acesa
Nos lagos estão atados
as fabulas de tais poemas
A vida segue rente ao plácido
dilema
Quando imprime o selo
dessas ventanias
No chão desse coração cárcere
tão frio
Ai de mim que me
arrasto nessas celas vazias
Onde os vasos são
sepulturas de flores
Toda a erva que rasteja
na face da terra
Canta celebre ao tom de
minhas amarguras
Para que irrigue o
baldio de meus pensamentos
Para tentar germinar
toda esperança
E eu dando as mãos a
todos sofredores
Faço junção ao grito de
todas as calamidades
Na certeza de consolo a
todas nossas dores
Descanso na promessa
das sublimes verdades
E sendo agora um dentro
dessa multidão
Desses que gemem no
cume de tantas agonias
Buscando sorver da
graça dentro do coração
Ressurgindo forte dessa
estação morta e fria
Marchando dentro desses
fortes vendavais
Uma lâmpada vital em
tão densa escuridão
Fortalecendo a alma
toda ainda mais
Crendo firme que a fé
jamais será em vão