Abri a janela da alma
Gotas de oceano e vagas ondas
Entraram pra dentro de mim
Era a vida e suas dores
Consagrada na primavera dos espinhos
Vi os braços loucos
de tantas almas naufragas
O grito de crianças descalças
O choro de viuvas famintas
Espadas nuas mostrando a vergonha do sangue
A foice da guerra era a harda da ceifa
O mundo festeiro e a vergonha da terra
Escondeu-se a lua de vergonha
Risos profanos no santuário do silencio
Os grilhões fúnebres da avareza
Vi tanto amigos lá no mar das lagrimas secas
Defuntos embriagados na insensatez
Que choram as chagas da alma viciada
O choro da amraga feria colorida
Os sorrisos de uma pira, flama cocegas da morte
Nem mesmo espanto há neles!
Abismo com fome e pobres almas sem olhos
Sorvem no prazer o doce veneno do erro
Até consumirem-se a si mesmos
Nos ácidos mórbidos da insensibilidade
Ai, ai, como eu choro tanto
Mas eu quebre o opróbrio das minhas fantasias
Falso pães letárgicos não mais atraem
Dou adeus as traças vorazes do pecado
Vaza de mim essas águas poluentes
Eu choro pelos outros fora de mim
Encerro as comportas da velha vida
Todas as janelas se fecham no coração
Eu agora vivo a esperança germinando
Aos pés do Calvário, onde Cristo morreu por mim.
CLAVIO JUVENAL JACINTO
0 comentários:
Postar um comentário