O tempo deu um vulto memorável, a sombra
A devastação da história na devassa vergonha
Como as serpentes loucas que fogem do temporal
Nesse orbe de lama e tantas mortes: Dachau
Tal qual temporais breves, famintos e sinistros
Que deslizam no céu e sugam a poeira do choro
Meninos escondem o sorriso entre os trapos
Mulheres abortam a alegria de viveu os sonhos
Esse rio caudaloso de tantos puros choros
Poetas já não encontrar o aroma da inspiração
Nos olhos amedrontados, uma incerteza sem igual
Nesse vale infausto, de dura morte: Dachau
Os vultos e as sombras ali estremecem
Como perpetua hora de um épico sem fim
Moças sem lenços, derramam a foz do silencio
Crianças ouvem o sarcasmo de um ultimo “ai”
Todos os sonhos que não vimos e pesadelos
Sobre essa tenda do medo, em caos calafrios
Germinaram na noite, a dor da vida anormal
Nesse mal pressagio de uma nocente vida: Dachau
Quem te consola com voz suave, ancião torturado?
A vida pregou a mensagem lesiva da violência humana
O prazer da dor está nos olhos daquele que não sente
A agonia do sofrimento é a herança daqueles que padecem
Tais são os homens brutais, nessa daninha encenação
Desse covil do poder e a fome do fétido orgulho
Quando o mal vira artista, faz uma mórbida peça teatral
No palco da vida, ao mundo aberto: é Dachau...
Clavio J. Jacinto
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