Recolhi nas manhãs do meu faz de conta
Essas perolas celestes do sofrer sem fim
Como as estrelas que fumegam na praia
Pedaços de nuvens luminescentes adormecidas
Um réu sou e condenado, por tão pouco sonhar
Não há caminho mais doido do que o faz de conta
Como o amor que rege o coração no céu vazio
Ou como o inverno que sustenta o frio
Cada rastro riscado no céu e na penumbra
Foi deixado por jatos apressados e flutuantes
Escrevem a loucura das tantas imaginações vãs
De nós pobres homens renascidos na rotina
Um condenado ao sonho perpetuo sou
Confinado num mar, como tristão da cunha
Colecionador de grãos de areia e estrelas
Perpetuando a paciência e o sofrer calado
Amo prefácios e as paginas de livros pensantes
As águas das nascentes de um poço sem fundo
Condenado a sonhar, percorro a via dolorosa
Do faz de conta e das metáforas que o coração cria
Ei de sustentar parábolas e hipérboles nas mãos
Como os mais lúcidos espelhos diante das esmeraldas
Estou cansado, minha alma está tremula e fraca
Os anos são praias, que recolhem-me sem dó...
Clavio J. Jacinto
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