As nuvens desceram sobre as montanhas
Abraçaram os cedros e cantaram o amor
Três libélulas pousaram sobre os lírios
Quem dera se falassem como as cigarras de verão!
Vem o vento, sopro celeste do recanto das estrelas
Pergunta qual o caminho do vale das sombras
Onde os homens adormecidos fazem guerras e sonhos
Matéria decomposta dessa gente sem fé
A nuvem responde que fica do lado de fora das praias
Onde o sopro das rosas desapareceu na noite
Os restos mortais do tempo adormecem no leito da dor
O vento diz “Vou pra lá...”
Sai correndo como ventania forte
Sacudindo os ramos dos ciprestes das montanhas
E vai ao vale das sombras, com ímpeto e clamor
Num desvario que assusta o Pirilampo apagado
Sopra vento, sopra sobre essas corações apagados
Como se fossem velas consumidas pelo frio
Lâmpadas quebradas por granizos de tempestades
Faz reviver as antigas odes que despertavam os luminares
O Pirilampo acorda assustado com os pinheiros cantando
Abre os olhos e vê o vale na escuridão e chora
O vento vem até sua face e diz : desperta pequeno sol!
O mundo está apagado como monturos de noites falidas
O pirilampo abre usas asas acendem seus pequenos sóis
E o vento o leva pela
vereda dos corações cegos
Arrastando consigo um rastro de luz verde de esperança
Enquanto o vento grita, com um eco de assombro noturno
Almas são libertas da escuridão do vale
Vidas despertam do meio da noite de espanto
O Pirilampo reforça suas luzes e projeta um alvo
A face sem decoro de profetas adormecidos
Uma trombeta toca no meio das cinzas
Uma criança com uma lâmpada de óleo sai correndo
Os caminhos resplandecer com o reflexo do orvalho
Almas lamentáveis gritam sufocadas pela dor
Multidões de profetas adormecidos despertam
O vale tornar-se incandescente, e as sombras se desesperam
O Pirilampo canta, os soldados do bem montam seus arados
Princesas do amanhecer trazem as sementes da esperança
Multidões de profetas, renovados pela luz bradam contra o
escuro
Crianças com lâmpadas acesas sobem o outeiro da coragem
Exércitos de homens adormecidos levantam as mãos de amor
O vale escuro renasce no brilho intenso de um amanhecer da consciência
Os profetas estão de vestidos brancos e face transparente
As lâmpadas ardem no silencio dessas estações
As sombras e suas vestes obscuras se desesperam
A luz prevalece, com uma chama intensa, alimentada pelo
vento
O pirilampo traz as virtudes de todas as estrelas aos
corações
Os profetas outrora adormecidos renascem da paralisia da
alma
Proclamam contra o poder das sombras que dominam o coração
humano
Um grande barulho no vale, um despertar para o mundo da luz
As estrelas se jubilam, a terra tornou-se o berço da aurora
O vale incandescente, cheio de vida, traz as sentenças do
outono
As veredas da equidade começam a florescer, o sol da justiça
resplandece
É um novo dia chegando, com o som de torrentes de
luminescências
O vale está cheio de profetas que despertaram, são como o
fogo da vida
Entoam cânticos de vida, empurram as sombras pra fora
Levando-as aos abismos sem dimensões e sem destino
Um esforço que o coração faz contra os egos algemados por si
mesmos
O tempo chegou, vento
vai embora, de volta ao cume
O pirilampo segue a orla da brevidade do vento
O vale está cheio de clamor, e as faces refletem a fé
Um exercito de profetas e crianças anunciam a esperança
O outro lado do mundo está escuro, como o breu da noite
sinistra
Os grilhões fortes prendem os corações sem luz
Os homens de lá rejeitam os iluminado
Constroem um muro para conter o vento e o pirilampo
O mundo foi dividido em dois mundos diferentes
Um do lado da luz com profetas que despertaram com o
resplandecer
O outro, na obscuridade de almas amarradas nas trevas
Seguem caminhos distintos na face do orbe no equilíbrio do
cosmos
A luz e as trevas existindo aqui nesse mundo
Onde pessoas escolhem de que lado pretendem ficar
Não deverias, tu mesmo
homem , fazer a tua escolha
Pra que na ceifa dos mistérios, não percas a direção da
justiça
Clavio Juvenal Jacinto