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domingo, 13 de agosto de 2023

Aves Solitárias

 


Uma peregrinação da alma ao mundo imaginário em busca de respostas concretas.

 

 O horizonte antigo estava marcado pelos passos na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário, fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando encontrar meu próprio destino na existência.

A seqüência da vida transcende nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado, nosso futuro ficará cheio de incertezas.

Eu ando na areia, meus passos estão lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas parecem um cristal liquido.  Então vejo meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.

Estrelas caíram das ondas, elas estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.

É tempo de serenidade, então meus olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os trovoes adormecidos em suas profundezas.

Nossa mente encontra no infinito, um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões, repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.

Uma nau poente parece um navio sem alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.

Mas a noite chega, como uma asa de corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem, o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria, me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite. Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso enfrentar o escuro.

O que é coragem de viver? Trata-se de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela brilhando, se olharmos para cima.

Ergui meus braços, a tênue luz das estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir, um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face, retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.

No horizonte, na ilha do norte, um ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática, é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!

Toda esperança se fortalece com a paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo desanimo.

O temor evanesce, a face recebe uma tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade, já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha memória, e ali mesmo na praia adormeço.

 

Autor: C. J. Jacinto.

 

em busca de respostas concretas.

 

 O horizonte antigo estava marcado pelos passos na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário, fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando encontrar meu próprio destino na existência.

A seqüência da vida transcende nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado, nosso futuro ficará cheio de incertezas.

Eu ando na areia, meus passos estão lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas parecem um cristal liquido.  Então vejo meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.

Estrelas caíram das ondas, elas estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.

É tempo de serenidade, então meus olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os trovoes adormecidos em suas profundezas.

Nossa mente encontra no infinito, um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões, repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.

Uma nau poente parece um navio sem alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.

Mas a noite chega, como uma asa de corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem, o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria, me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite. Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso enfrentar o escuro.

O que é coragem de viver? Trata-se de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela brilhando, se olharmos para cima.

Ergui meus braços, a tênue luz das estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir, um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face, retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.

No horizonte, na ilha do norte, um ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática, é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!

Toda esperança se fortalece com a paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo desanimo.

O temor evanesce, a face recebe uma tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade, já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha memória, e ali mesmo na praia adormeço.

 

Autor: C. J. Jacinto.

 

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