Uma peregrinação da alma ao mundo
imaginário em busca de respostas concretas.
O horizonte antigo estava marcado pelos passos
na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo
as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de
luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das
estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas
de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário,
fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando
encontrar meu próprio destino na existência.
A seqüência da vida transcende
nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado,
nosso futuro ficará cheio de incertezas.
Eu ando na areia, meus passos estão
lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no
espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas
parecem um cristal liquido. Então vejo
meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus
choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha
distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos
maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para
lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.
Estrelas caíram das ondas, elas
estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das
profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num
universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar
vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos
das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou
observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias
de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna
a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.
É tempo de serenidade, então meus
olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma
tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no
aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos
nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os
trovoes adormecidos em suas profundezas.
Nossa mente encontra no infinito,
um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões,
repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.
Uma nau poente parece um navio sem
alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de
um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a
minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando
o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de
flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada
respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres
almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante
do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.
Mas a noite chega, como uma asa de
corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem,
o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca
noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão
distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do
arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso
me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria,
me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios
nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de
fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano
de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus
sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma
severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram
as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço
mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite.
Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso
enfrentar o escuro.
O que é coragem de viver? Trata-se
de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está
escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela
brilhando, se olharmos para cima.
Ergui meus braços, a tênue luz das
estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um
ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a
ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir,
um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência
da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face,
retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.
No horizonte, na ilha do norte, um
ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática,
é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!
Toda esperança se fortalece com a
paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo
desanimo.
O temor evanesce, a face recebe uma
tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra
silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério
maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles
libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade,
já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de
aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha
memória, e ali mesmo na praia adormeço.
Autor: C. J. Jacinto.
em busca de respostas concretas.
O horizonte antigo estava marcado pelos passos
na areia do tempo, um lugar inóspito da noite, que pouco a pouco, vai padecendo
as dores, de um novo amanhecer que, ao que parece nos encanta pelo jogo de
luzes e nuvens que flutuam entre céu e mar. Lá estavam os pássaros, guias das
estrelas em busca de orvalhos que se acumulavam nas relvas por trás das dunas
de areia entre as montanhas e a praia. Lá estava eu, um ser além do imaginário,
fixo num espaço entre o tempo e a matéria, olhando para o infinito tentando
encontrar meu próprio destino na existência.
A seqüência da vida transcende
nosso amor, não devemos no apegar ao caminho, pois se amarmos muito o passado,
nosso futuro ficará cheio de incertezas.
Eu ando na areia, meus passos estão
lá, um por um entregue aos ventos, a brisa sopra, aves solitárias voam no
espaço entre as montanhas e a linha do horizonte, o mar é azul, as águas
parecem um cristal liquido. Então vejo
meus sonhos voando entre as aves, eles são como águas lustrais, resina de meus
choros, bálsamos de minhas consolações. É outono, sei que é pois naquela ilha
distante, ainda percebo a brisa marítima trazer o aroma das cerejas e dos pêssegos
maduros, uma mistura onírica de sal e açúcar, pássaros solitários partem para
lá, e eu apenas contemplo a distancia que nos separa, eu não sei nadar.
Estrelas caíram das ondas, elas
estão inertes, como remanescentes de um paraíso aquático, um céu das
profundezas das águas. a vastidão das praias está cheia delas, caídas num
universo de areia quente e silenciosa, cada uma delas deixou de brilhar
vivendo, a morte endureceu as estruturas, alma de calcário, cadáveres libertos
das lamentações, é o silencio que decifra o enigma da tristeza, e estou
observando, como se o meu coração fosse um telescópio a desvendar as galáxias
de grãos de areia que se movem num ciclo de mistérios, peregrinando de uma duna
a outra, num movimento eterno nos confins atômicos de cada partícula.
É tempo de serenidade, então meus
olhos percorrem cada saliência e cada concha aquecida pelos vendavais. É uma
tarde retorcida por nuvens que parecem metáforas, ilhas deslizantes no
aconchego do firmamento, os pássaros estão lá, tentando construir seus ninhos
nas nevoas, seus ovos cairão nas fossas nasais do oceano, e se chocarão com os
trovoes adormecidos em suas profundezas.
Nossa mente encontra no infinito,
um esconderijo para nossas aflições e um descanso para nossas questões,
repousamos na imensidão e sabemos que todas respostas estão dentro dele.
Uma nau poente parece um navio sem
alma, madeira de cedro carcomido de tremores, vigia noturno em busca da luz de
um farol, eu grito, minhas palavras parecem uma luz brilhante, eu clamo e a
minha voz parece uma luz, as pessoas estão lá, entre a vida e morte, festejando
o tempo passar, num navio sem leme, com velas invertidas e uma ancora de
flores, elas servirão como memorial, quando o naufrágio engolir cada
respiração, então no solo marítimo, longe de cada amanhecer, aquelas pobres
almas ficarão no sótão do desespero, numa prisão abissal, aguardando a voz possante
do alento celeste, sopro que aviva o hálito da essência do ser.
Mas a noite chega, como uma asa de
corvo perdida sem corpo, flutuando entre meus olhos e meu medo, as águas fogem,
o oceano é de trevas, as estrelas da praia foram embora, engolidas pela boca
noturna. As celestes aparecem brilhando, não consigo tocá-las, estão tão
distantes, famintas de vozes, pois tecem uma tapeçaria de luz no silencio do
arcaico tempo que não cessa de escoar e levar a minha vitalidade. Eu não posso
me sossegar diante dos mistérios da escuridão, a brisa parece caustica e fria,
me sinto preso em uma redoma negra. Coleciono lagrimas antigas, presságios
nostálgicos de que estou envelhecendo. A tarde parecia uma pintura rústica de
fogo sacro. Os pássaros silenciaram, como se estivessem mergulhado num oceano
de profundas ausências, também desejo ir pra lá. O vento açoita meus
sentimentos, as emoções parecem se afugentar de mim. Nasce dentro de mim uma
severa saudade, um desejo de encontrar novamente aquelas aves livres que povoaram
as nuvens de meu imaginário. A noite parece ser uma sucessão de grilhões de aço
mórbido, uma cruel tenacidade que prende o meu coração nos abismos da noite.
Tal peso agonizante forja dentro de mim uma coragem, não desejo adormecer, preciso
enfrentar o escuro.
O que é coragem de viver? Trata-se
de algo complicado de responder, a vida é cheia de labirinto, porém quando está
escuro na profundidade da nossa circunstancia, haverá sempre uma estrela
brilhando, se olharmos para cima.
Ergui meus braços, a tênue luz das
estrelas mostrava meu corpo projetado na areia, era uma forma assombrada, um
ser etéreo, uma alma despenada, um sapiens místico, alcançando a unidade com a
ternura, a percepção profunda e adequada da vida. É um bom motivo para sorrir,
um desejo brota, como as flores que insistem em desabrochar depois da violência
da geada, é a esperança, nos contornos plácidos de minha pobre e robusta face,
retorcida pelo vento oriental e pela luz da estrela polar.
No horizonte, na ilha do norte, um
ponto luminescente a espreita, numa timidez intrépida, uma aparição dramática,
é a estrela da manhã. Estou arrebatado e boquiaberto!
Toda esperança se fortalece com a
paciência, a coragem de esperar é o segredo para não sermos vencidos pelo
desanimo.
O temor evanesce, a face recebe uma
tímida luz, que se transforma num glorioso amanhecer, numa orquestra
silenciosa, o sol nasce, o amanhecer chega, e com ele, o despertar. Um mistério
maravilhoso, a luz silenciosa despertando meus pássaros imaginários, eles
libertam-se da inexistência, voam sobre minha alma, e eu encontro a felicidade,
já não estou mais sozinho, dentro de mim uma multidão de sonhos, uma revoada de
aves do paraíso, o céu das nuvens dentro de mim, e então, se faz noite na minha
memória, e ali mesmo na praia adormeço.
Autor: C. J. Jacinto.