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sábado, 18 de dezembro de 2021

OFICIO DOS OSSOS

 

Oficio dos Ossos

 


 

Firmo meus passos pelos ossos

O fêmur mantém sua importância

Nas mãos punho e da posse suprema

Agarro-me ao lume segurança

O esqueleto que sustenta a carne

O crânio meu nariz alma do olfato

Que encerra nesse fim a essência

Magnésio cálcio e fosfato

O crânio que guarda a mente

Os olhos e a minha louca vergonha

Que mantém a pele enrugada

A  humilde face tristonha

Nas pálpebras e o tórax calcário

Na náusea e no sangue que produz

Das folhas costelas de Adão

Caixa torácica que protege

As batidas mais fortes do meu coração

Que quando mais receio firmeza

Como as portas encerram às mãos

De um osso pequeno do lado

Quando se abriu uma janela em Adão

Que outrora veio do veio da poeira

Na sabia posse de grande missão

Receber de si mesmo companheira

Para ajudar-lhe a vida inteira

A natureza dos ossos dos dois

Caminharem seguros na vida

Abraçados numa só via andar

Do sacro, lombares  e cintura escapular

E então quando morrerem depois

Os ossos que restarem sem cabelos

Os estribos não ouvirem anelos

Repousam num sepulcro no chão

Cada osso seco contado na nevoa

Dormindo repousando na escuridão

Mas dissolvidos na terra dos prados

Aguardam em silencio a ressurreição.

 

 

Clavio J. Jacinto

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