Oficio dos Ossos
Firmo meus passos pelos ossos
O fêmur mantém sua importância
Nas mãos punho e da posse
suprema
Agarro-me ao lume segurança
O esqueleto que sustenta a
carne
O crânio meu nariz alma do olfato
Que encerra nesse fim a essência
Magnésio cálcio e fosfato
O crânio que guarda a mente
Os olhos e a minha louca
vergonha
Que mantém a pele enrugada
A humilde face tristonha
Nas pálpebras e o tórax calcário
Na náusea e no sangue que
produz
Das folhas costelas de Adão
Caixa torácica que protege
As batidas mais fortes do meu
coração
Que quando mais receio
firmeza
Como as portas encerram às
mãos
De um osso pequeno do lado
Quando se abriu uma janela em
Adão
Que outrora veio do veio da
poeira
Na sabia posse de grande
missão
Receber de si mesmo
companheira
Para ajudar-lhe a vida
inteira
A natureza dos ossos dos dois
Caminharem seguros na vida
Abraçados numa só via andar
Do sacro, lombares e cintura escapular
E então quando morrerem
depois
Os ossos que restarem sem cabelos
Os estribos não ouvirem
anelos
Repousam num sepulcro no chão
Cada osso seco contado na
nevoa
Dormindo repousando na
escuridão
Mas dissolvidos na terra dos
prados
Aguardam em silencio a
ressurreição.
Clavio J. Jacinto
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