A tarde está silenciosa nesse dia nublado
É a alma da primavera que está adormecida
Como os grilhões congelados numa saudade
O rosto quebrado na silhueta do passado
Neves imaginarias nesse consolo árduo
O réu vento adormecido na tumba das montanhas
Como posso cantar uma canção nesse vale,
Se as próprias estrelas se apagam na desolação?
Os pássaros migraram para a estação do norte
As ilhas tornaram-se abrigo dos sonhos
Quantas auroras nesse fim enfadonho
Sem flores, a vida
parece ser tão ingrata
A vida tem suas turbulências quânticas
Tempestades num copo de vinho puro
Asas sinfônicas de folhas de ciprestes
São as paginas que lapidam o futuro
E quando já não resta mais um flanco frio
Das entranhas calvas dessas dunas de areia
O pupilo do germinar da semente fraca
Desponta a vida pelas arestas dos pedaços de telha
(Clavio J. Jacinto)
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