Era minha solidão como erva desprezada
Em ermo frio e vale de sombras assustadas
Na sutil dor da vida sem nenhum sentido
No breu esconderijos de um coração ferido
Em vão gritei pleas caladas da madrugada
Como fugitivo preso em incertezas vagas
Nas ervas rasteiras e abrolhos me prendia
A areia caustica que meus pés tanto feria
Das ânsias eu fendia a parede dos clamores
Como se alma retalhada mergulhasse em dores
Eu ser todo em chagas abertas vivia
Nesse deserto escaldante e noites frias
Mas de um livro de santos profetas refulgia
Aquela estrela que meus passos bem alumia
Fiquei atento ao tão esplendido e vivo fulgor
Que das minhas trevas, a luz gloriosa entrou
De alegria e consolo, as mãos que erguia
Que outrora machucada, no ermo jazia
Agora erguidas para o céu sublime e aberto
Das mãos de Deus, resgatado e liberto
Doce paz em perfumes de divino amor
Minha alma suave recebe o calor
De redenção que do resgate o coração clama
De deserto á jardim, a minha alma te ama.
(Clavio J. Jacinto)
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